Resumo |
A construção civil é, notoriamente, um dos setores que mais gera impactos ambientais. Tal fato decorre, principalmente, da quantidade de resíduos gerados, extração de recursos naturais e emissão de gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO2). Assim sendo, é notado um aumento no interesse de desenvolvimento de pesquisas acerca da elaboração de novos materiais que possibilitem a utilização de resíduos em sua composição, que disponham de maiores quantidades de outros componentes com menor pegada de CO2 e permitam construir estruturas com maior durabilidade e, consequentemente, maior vida útil. Em concomitância com isso, a construção civil possui uma constante preocupação no desenvolvimento de estruturas cada vez mais duráveis, utilizando a menor quantidade de recursos possíveis. As estruturas são constantemente submetidas a ações físicas, químicas e biológicas que, em grande parte dos casos, culminam na formação de fissuras comprometendo seu comportamento mecânico e possibilitando a penetração de agentes agressivos, acarretando a perda de desempenho em função de outras patologias. Um fenômeno que pode contornar tal problema é a autocicatrização, que acontece de forma autônoma, quando a matriz cimentícia é preparada afim de possuir tais propriedades, e autógena, quando acontece de forma natural a partir dos compostos utilizados na mistura. Levando em consideração o que foi exposto, o objetivo do trabalho é avaliar o fenômeno de autocicatrização autógena de argamassas contendo o cimento ternário do tipo LC³. Assim sendo, foi realizado a comparação desse tipo de cimento com cimentos atualmente normatizados no Brasil, o CPII F40 e o CPIV 32 RS. Além disso, também foram avaliadas diferentes formas de cura (submersa em água e através de ciclos de molhagem e secagem) visando entender seu impacto no processo de autocicatrização e, consequentemente, sua viabilidade. A metodologia contou com o ensaio de resistência à compressão dos diferentes cimentos ao longo das idades, análise visual das fissuras formadas através de microscopia e o ensaio de absorção de água por capilaridade no estado cicatrizado e não cicatrizado. O ensaio de resistência à compressão possibilitou visualizar que aos 28 dias o cimento ternário do tipo LC³ já dispunha de resistência no mesmo patamar do CPII F 40, sendo esse comportamento mantido até os 63 dias. Através da análise visual foi possível identificar que a cicatrização das fissuras contendo cimento LC³ apresentou menor capacidade de autocicatrização, pois as espessuras de cicatrização observadas em 8 sua maioria foram menores em relação aos demais cimentos e, na maioria dos casos, também ocorreram de forma pontual. A cura através de ciclos de molhagem e secagem também pareceu ser menos efetiva do que a submersa em água na análise visual. Os resultados de absorção de água por capilaridade, de forma indireta, parecem indicar taxas mais elevadas de autocicatrização nas amostras produzidas com cimento LC³, quando comparadas aos demais cimentos. Através do mesmo ensaio também foi possível avaliar um comportamento satisfatório da autocicatrização de ambos os métodos de cura avaliados no trabalho.; |