Resumo:
A resiliência regional evolucionária consiste numa discussão importante sobre a capacidade de um território conceber e implementar novos recursos e habilidades que lhe permitam adaptar-se favoravelmente às dinâmicas de transformação impulsionada pelas mudanças do ambiente, no longo prazo. Nesse sentido, esta pesquisa analisou o processo de resiliência regional evolucionária de uma região com especialidade produtiva de um país periférico, o Vale do Paranhana/RS – Brasil, a partir dos fatores de resiliência regional. As principais contribuições da tese consistem na discussão teórica e na pesquisa empírica, onde os fatores críticos da resiliência regional evolucionária foram operacionalizados através da percepção dos atores regionais sobre estes, num contexto social e geográfico pouco abordado em outros trabalhos relacionados à resiliência regional. Para tal, adotou-se o estudo de caso da região do Vale do Paranhana/RS e abordagem mista, utilizando como principal método a análise de dados qualitativos primários, coletados através da realização de 36 entrevistas não-estruturadas focalizadas com atores regionais. Também foram utilizados dados secundários, como indicadores e dados regionais, para caracterizar a trajetória do Vale do Paranhana e complementar a análise. Como resultados, os fatores de capacidade de adaptabilidade da região, sua história e dependência da trajetória e capital social e qualidade de vida local são positivas e oferecem bases sólidas para que a região se desenvolva, na percepção dos atores regionais e análise de dados secundários. Por outro lado, há fragilidades evidentes, uma vez que os atores identificam outros fatores necessários à resiliência evolucionária como inexistentes, como redes de conhecimento, P&D e Inovação, a interação e articulação entre os atores regionais e dificuldades relacionadas às estruturas institucionais e mercado de trabalho. Complementando, a análise de dados secundários identificou redução de variáveis como PIB per capita, número de estabelecimentos produtivos e vínculos empregatícios, especialmente no segmento industrial calçadista e, por outro lado, aumento do PIB da região e no número de empregados com ensino superior concluído ou em andamento, crescimento de postos de trabalho em atividades ligadas a serviços e construção civil, além de evoluções no Índice de Desenvolvimento Humano. Assim, os principais desafios para a resiliência regional evolucionária do Vale do Paranhana são o desenvolvimento da mão de obra local e a captação do jovem para as atividades predominantes no Vale do Paranhana. Ainda, a interação entre os atores regionais é indicada como necessária pelos entrevistados. A partir da condução da pesquisa, percebe-se que o uso de uma metodologia mista contribuiu para a análise da resiliência regional evolucionária, uma vez que inicialmente adotou-se a análise de dados secundários e identificou-se que indicavam uma situação estável para a resiliência. Contudo, a partir da condução de uma análise com dados primários, perceberam-se fragilidades em diferentes fatores regionais, captadas através da percepção dos atores que estão na região e que não aparecem em estatísticas quantitativas, uma vez que se parte de uma análise de dinâmicas que estão em curso. Também, a adoção dos fatores regionais de resiliência como base para analisá-la numa perspectiva evolucionária mostra-se capaz de servir de subsídio para a criação de estratégias e políticas de desenvolvimento regional.