Resumo:
O desenvolvimento de capacidades dinâmicas é crucial para a sobrevivência das empresas que atuam no ambiente organizacional contemporâneo, que vem sendo caracterizado como turbulento (dinâmico). Nesse ambiente, onde cada vez mais as relações sociais vêm ocorrendo de forma digital, muitas organizações vêm usando mídias sociais em suas mais diversas rotinas. Diante da difusão da internet e do uso dessas ferramentas digitais, o objetivo desse estudo foi propor e testar um modelo teórico para mensurar a importância das mídias sociais e das capacidades dinâmicas para melhorar o desempenho de inovação. Esse modelo analisou três capacidades dinâmicas: capacidade de colaboração interna, capacidade absortiva e agilidade organizacional. Essas capacidades foram definidas por meio de uma revisão de literatura, que foi a etapa inicial dessa pesquisa. O foco do estudo foi em startups, empresas inovadoras e com potencial de escalabilidade. As startups analisadas são brasileiras e atuam no setor do agronegócio, sendo conhecidas como AgTech. O foco por esse tipo de organização se deu por serem empresas que atuam em ambientes com alto nível de incerteza ambiental, onde baixos níveis de desempenho de inovação podem afetar de forma negativa a desenvolvimento de vantagem competitiva e em casos mais críticos, levar à falência. A região escolhida para a realização do estudo foi o Brasil, devido a importância do agronegócio na economia desse país e dada a relevância brasileira na produção e exportação de alimentos. O estudo é de natureza quantitativa sendo que os dados foram coletados por meio de questionários enviados online. Os respondentes dos questionários são pessoas que ocupam cargos de gestão nas AgTech, incluindo CEOs, diretores e gestores em geral. Cada AgTech analisada foi representada por um único respondente, sendo analisadas 237 respostas. Medidas de estatística descritiva foram utilizadas para mensurar a caracterização da amostra. Dentre os resultados, as mídias sociais mais utilizadas são WhatsApp, Instagram, LinkedIn e Google Meeting. Para testar o modelo teórico proposto, foi utilizada a modelagem de equações estruturais com estimação por mínimos quadrados parciais (PLS-SEM). O modelo desenvolvido e analisado constitui-se de seis hipóteses e compreende quatro construtos de primeira ordem: mídias sociais, capacidade absortiva, agilidade organizacional e desempenho de inovação. O modelo também apresenta um construto de segunda ordem, denominado de capacidade de colaboração interna, que é formado por três construtos: comunicação, confiança e engajamento. Com o arcabouço teórico empregado foi possível testar as hipóteses desenvolvidas, sendo que todas não foram rejeitadas. De forma geral, identificou-se que o uso de mídias sociais afeta de forma positiva o desempenho de inovação e contribui para a capacidade interna de colaboração. Essa capacidade dinâmica, por sua vez, influência de forma positiva a capacidade absortiva e agilidade organizacional das AgTech. Por fim, essas duas capacidades dinâmicas impactam de forma positiva o desempenho de inovação. Como análises adicionais, também se verificou a existência de mediações seriais na relação mídia social e desempenho de inovação. Os resultados mostram que a capacidade interna de colaboração e a capacidade absortiva, e a capacidade interna de colaboração e a agilidade organizacional, medeiam parcialmente essa relação. Os resultados também indicam que o poder explicação (R²) do desempenho de inovação é maior no modelo teórico proposto, comparando com o efeito direito do uso de mídias sociais. O modelo desenvolvido e validado permite uma compreensão analítica de como melhorar o desempenho de inovação, indicando também, que existem capacidades dinâmicas (capacidade de colaboração interna) que antecedem outras capacidades dinâmicas (capacidade absortiva e agilidade organizacional). Esse e os demais achados da pesquisa permitem que os pesquisadores e gestores entendam a sequência e os mecanismos por trás do desempenho de inovação, e compreendam a relevância do uso das mídias sociais como ferramentas organizacionais, bem como a importância das capacidades dinâmicas. Em relação as capacidades dinâmicas, destaca-se a sua importância tanto para fomentar novas capacidades, quanto como drivers do desempenho de inovação nas AgTech.