Resumo |
Este texto aborda a relevância do olhar para os encontros de e entre crianças com diferentes idades, produzidos na escola, do tempo e do espaço do estar junto, que constituem possibilidades de encontros e aprendizagens éticas, estéticas, cognitivas, afetivas e relacionais. Neste artigo, faz-se uma reflexão acerca dos encontros das crianças na escola, propondo um entrelaçamento do racional com o emocional, tal como propõe Maturana (2004). A partir de um olhar e de uma escuta interessada, como professora em uma escola me perguntava: Estará a escola dando voltas com as crianças, entendendo o conversar na sua raiz: cum, dizendo “com”. E versare que significa “dar voltas com o outro”, abrindo-se para a boniteza das histórias vividas pelas crianças? É imprescindível pensar e planejar melhor ações gestando o tempo em que as crianças estão juntas, bem como ofertar mais encontros na sala de referência, por entre os arredores da escola, em passeios e visitas culturais. A atual conjuntura da sociedade contemporânea leva a uma formação compartimentada, individualizada, com ações mecanizadas, à indiferença, à insensibilidade, desumanizando, na lógica perversa do “ter” ao invés do “ser”. A constituição de um tempo outro ― que se difere da lógica do capital e da produção ― em que estejam implicados o viver coletivo, o refletir, a partilha, a contemplação, as indagações, as hipóteses, as afirmações, em um cotidiano de experienciar situações educativas e culturais. Propõe-se esta escrita suscitando o resgate da coletividade, da ética, do estar com os outros, da partilha de saberes, da sensibilidade, da curiosidade, da pesquisa, do bem-querer, do olhar, da conversa e da escuta num espaço privilegiado: a escola.; |