Resumo |
O presente estudo visou contribuir para uma discussão que marca o cooperativismo e o associativismo desde a sua origem, um amplo, profundo e polêmico debate sobre a relação entre Estado e formas associativas ou cooperativas. Buscou-se analisar o papel desempenhado por uma política pública, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), na constituição de uma associação com personalidade jurídica, a Associação dos Produtores Rurais de Estância Velha (APREV). Este esforço científico ganha importância na medida em que se identifica uma correlação positiva entre a existência de organizações cooperativas e associativas e índices de desenvolvimento econômico e de qualidade de vida. Tal percepção justifica significativas iniciativas do Estado que buscam incentivar a organização, neste caso, dos agricultores familiares, o que reforça a importância de esforços teóricos que identifiquem as possibilidades, dificuldades e limitações de experiências como esta da APREV. O referencial teórico-analítico principal que embasou o estudo visou contribuir para a identificação de evidências que indiquem a formação de capital social expresso na aproximação, no distanciamento ou aprofundamento das relações mantidas entre os agricultores familiares sócios na APREV, ou seja, a dinâmica da implementação da política pública e a formação de “redes duráveis de relações”. Também foi realizada uma reflexão sobre o comportamento humano e sobre os desafios que estão postos para a construção de indivíduos solidários e cooperativistas. Esta pesquisa localiza-se no universo das pesquisas qualitativas, buscando analisar o caso da APREV e utilizando para tal empreendimento teórico diferentes técnicas de pesquisa (Pesquisa documental, pesquisa bibliográfica, observação participante e entrevistas semi-estruturadas). A análise dos resultados e conclusões dão conta de que apesar dos relutantes comportamentos individualistas e egoístas, que tentamos demonstrar estar no âmago da sociedade capitalista, os agricultores associados a APREV uniram-se para formar a associação, aproximando ou consolidando relações entre os agricultores, o que permitiu que participassem do PNAE em Estância Velha, mas tendo trazido também outros benefícios que contribuem para a sustentabilidade das propriedades. Fiou evidenciado também que os agentes uniram-se na medida em que identificaram vantagens em participar, através da associação, no PNAE, atitude interessada que reforça a importância de estímulos a cooperação, dentre os quais, os promovidos pelo Estado.; |