Resumo |
Estudos em tafonomia têm revelado que danos tafonômicos estão diretamente relacionados a condições ambientais e à dinâmica sedimentar aos quais os bioclastos são submetidos até seu soterramento final. Assim, espera-se observar assinaturas tafonômicas distintas dentro de um mesmo ambiente deposicional. O presente trabalho possui o objetivo de confrontar os dados tafonômicos das conchas com os dados ambientais do estuário de São Francisco do Sul (Quaternário, Santa Catarina). Considerada como um importante estuário para a vida marinha, as terras próximas à baía apresentam vegetação nativa de mangues, representando 75% deste ecossistema. Esta formação geográfica somado à vegetação de mangues revestindo as margens e áreas alagadas da baía são propícias para a reprodução de várias espécies de animais marinhos e terrestres. Localizada no litoral norte do estado de Santa Catarina, conhecida como Baía da Babitonga, a área de estudo no estuário fica na foz do Rio Palmital, na desembocadura para o Oceano Atlântico. Neste ambiente são encontrados restos esqueletais abundantes da espécie Anomalocardia brasiliana em depósitos conchíferos. Os bioclastos foram coletados em pontos distintos dentro da desembocadura do estuário com sistema de quadrículas de 1m², para finalidade de comparação entre si e tiveram os danos tafonômicos quantificados por meio de lupas de bancada. As quadrículas 1 e 5 foram coletadas na zona proximal do corpo d’água, enquanto as quadrículas 2, 3 e 4 foram coletadas em locais mais distantes, mas representam um ambiente distal. Análises mostraram que as amostras mais distais apresentam mais bioerosão em relação as amostras proximais, também a abrasão e fragmentação são mais presentes nos bioclastos mais proximais. Característica como brilho tendem a ser menos presentes nos bioclastos que estão a mais tempo na Zona Tafonomicamente Ativa (TAZ). Marcas de gastrópodes foram identificas nas amostras distais, bem como colonização por larvas de esponjas, enquanto as amostras proximais apresentavam melhor preservação, com poucos vestígios de interação com outras faunas. Bioclastos distais estão mais expostos a dinâmica do estuário e do oceano, bem como as demais faunas que ali habitam, tendo assim maior probabilidade de serem bioerodidos ou fragmentados, enquanto as amostras proximais, possuem menor probabilidade de serem bioerodidas ou fragmentadas, também a dissolução e abrasão nos bioclastos distais é muito mais 6 visível, por estarem submetidos a variação de salinidade e pH da água, bem como a dinâmica sedimentar do estuário.; |