Resumo |
Esta pesquisa parte da figura de Sepé Tiaraju e suas diversas facetas construídas na literatura, nos registros oficiais, nas lendas e, também, na proposta para a sua canonização. Obras como O Uraguai, de Basílio da Gama, o poema Lunar de Sepé, de Simões Lopes Neto e a trilogia O tempo e o vento, de Erico Verissimo, mais precisamente no episódio intitulado A Fonte, da obra O Continente, nos apresentam um personagem histórico real. A partir de obras literárias e de questões da oralidade, tendo por base Pritsch (2004), buscamos olhar para a caracterização lendária de Sepé, com base em O lunar de Sepé e a Lenda do Rio das Lágrimas Fagundes (1996). Percebe-se que Sepé é, ainda hoje, para além de uma persona histórica, uma pessoa lendária que fomenta novas visões e uma possível canonização por parte da Igreja Católica. As lendas fundadas, baseadas, nascidas na oralidade, abordam duas questões relevantes sobre o Sepé lendário/religioso: uma sobre o lunar em sua testa, que seria o Cruzeiro do Sul, e outra sobre o Rio das Lágrimas, nascente de água que leva o nome de São Sepé. O levantamento de dados sobre o processo de canonização do índio missioneiro foi realizado a partir de depoimentos e entrevistas com pessoas que têm conhecimento sobre a atividade. Também foi realizada coleta de depoimentos de alguns guaranis, a fim de traçar possibilidades de aproximação entre o aspecto heroico e religioso de Sepé Tiaraju. Chegamos à conclusão de que essa história não desaparecerá – a oralidade permanece junto aos guaranis –, assim como, certamente, novas versões, que possam ou não apelar para esse enfoque religioso, poderão surgir.; |