Resumo |
A escrita é a modalidade linguística de maior prestígio na sociedade. Da mesma forma, constata-se o predomínio de atividades envolvendo a escrita no espaço da escola em detrimento da oralidade. Entretanto, a proposição de atividades pedagógicas em torno de gêneros orais e práticas de oralidade requer a compreensão das diferenças entre as duas modalidades, principalmente porque ensinar oralidade tem sido confundido com oralização da escrita, que se refere à leitura de textos em voz alta, ou ela simplesmente inexiste nas aulas de língua materna. Assim, faz-se necessária a adoção de uma pedagogia que oriente o ensino e a aprendizagem de práticas sociais de oralidade. Portanto, o objetivo deste trabalho é investigar o fenômeno da oralidade, retomando as principais concepções de alguns estudiosos do assunto (MARCUSCHI, 2010; DIONISIO, MARCUSCHI, 2007; DOLZ et al., 2004; MILANEZ, 1992; CRISTOVÃO, MAGALHÃES, 2018; entre outros.), bem como descrever suas características e os elementos envolvidos em sua produção e compreensão no espaço escolar, na tentativa de entrecruzar esses princípios teóricos com um projeto de ensino de aplicação prática. Para tanto, optamos pelo gênero exposição oral e pelo procedimento metodológico Projeto didático de Gênero (PDG), conforme estabelecido por Guimarães e Kersch (2014). A partir disso, por meio de uma investigação de caráter qualitativo e de tipo participante, analisamos qualitativamente a pertinência das práticas de oralidade de cinco das treze aulas que compõem o nosso Projeto didático de gênero, intitulado Ih, agora é minha vez! Pesquisa, oralidade e linguagem não verbal, implementado durante a atividade acadêmica Estágio supervisionado no ensino fundamental: português, com uma turma de sexto ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal, no segundo semestre letivo de 2020. Como resultados, verificamos a existência de alguns fatores que influenciam decisivamente o ensino das práticas sociais de oralidade nas aulas desenvolvidas com a turma: recursos tecnológicos, formação docente e relações de poder na esfera educacional. Como conclusão, o estudo sugere a necessidade de ressignificação do processo de ensino e de aprendizagem da linguagem oral conduzido em aulas de língua materna, lançando luz a uma discussão necessária: a consolidação de uma pedagogia para o oral na escola.; |