Resumo |
Machado de Assis, um dos maiores escritores da literatura brasileira, foi
cobrado por escritores e pesquisadores por não falar dos problemas do seu tempo.
Com o objetivo de olhar para a obra machadiana e identificar suas manifestações
sobre a escravidão, este trabalho baseia-se na Estética da Recepção para considerar
o ambiente em que Assis produziu sua obra, e o momento de recepção dos leitores
do século XXI. A metodologia de análise iniciou com uma pesquisa quantitativa das
menções do autor a personagens negros e negras escravizados e ao regime
escravocrata. Depois, foi realizada a revisão bibliográfica de pesquisadores que se
preocuparam tanto com a escravidão no Rio de Janeiro do século XIX, quanto com a
escravidão presente na obra machadiana. Diante disso, foi possível perceber que
personagens negros permeiam, majoritariamente, o pano de fundo das obras de
ficção e que as únicas narrativas em que, sintomaticamente, as personagens
femininas revelam o tema da escravidão ao mesmo tempo que assumem importância
nessas narrativas são: “O caso da vara”, “Pai contra mãe” e “Mariana”. Lucrécia,
Arminda e Mariana, personagens dos referidos contos, representam a classe
marginalizada, desprestigiada socialmente e são aquelas que os narradores do autor
colocam em cena para falar de escravidão, garantindo a importância literária que o
tema merece para ser discutido.; |