Resumo |
Este estudo pretende ressignificar a representação do diferente, pensada aqui
no viés das pessoas com deficiência. A metodologia de análise de cunho qualitativo
incidiu sobre narrativas brasileiras do século XIX à XXI, optou-se pela investigação
da representação do diferente no viés dos transtornos mentais, aqui tratados como
loucura nos contos “O alienista”, de Machado de Assis (1882), e “Soroco, sua mãe,
sua filha”, de Guimarães Rosa (1962). Para a representatividade da deficiência
visual, examinamos os contos “As cores”, de Orígenes Lessa (1960), “Apólogo
brasileiro sem véu de alegoria”, de Alcântara Machado (1928), e o romance E não
se esqueçam de regar os girassóis de Sara Bentes (2016). A pesquisa bibliográfica
está ancorada principalmente nos estudos de Foucault (1978, 1979), Candido
(2006), Werneck (1999), bem como na legislação brasileira (BRASIL, 2012, 2015).
Através dessa amostragem investigativa, constatou-se que a loucura, mesmo sendo
tema bem recorrente no cenário literário brasileiro, esbarra nas delimitações de
normalidade, aceitas socialmente, ao mesmo tempo em que aparece refletida na
sociedade como um todo. Com relação à deficiência visual, ainda há uma
invisibilidade de representações verossímeis dessas personagens, se
considerarmos o inventário literário brasileiro. Conclui-se que a literatura sendo o
espelho de uma sociedade ainda reflete as diferenças de maneira distorcida e
limitada, não reconhecendo no outro, traços de sua própria existência.; |