Resumo |
Como mercadoria comercializável, o corpo tornou-se –contemporaneamente –um objeto de consumo em meio à valorização da imagem. E é justamente o corpo feminino o foco principal de uma tendência moderna à alteração das características. Muitas mulheres procuram adequar seu corpo aos padrões de beleza difundidos, mas também vemos emergir experiências e posicionamentos que procuram contestar estas construções hegemônicas relativas ao corpo feminino. O corpo hoje, mais do que nunca, está em cena e vem sendo exposto em fenômenos sociais e diferentes manifestações culturais. A presente pesquisa propõe pensar o papel da fotografia intimista feminina em termos de possibilidades (e limites) oferecidos para a desconstrução dos padrões de beleza hegemônicos relativos ao corpo feminino. Tendo como caso de análise O Bendito Fruto, a pesquisa volta-se para a compreensão dos sentidos que a experiência de ensaio adquire em termos do relacionamento da mulher com seu corpo e para a análise dos vínculos destas significações com as trajetórias comunicacionais e midiáticas das mulheres referentes a esta questão. Para embasar a investigação, foram trabalhados os conceitos teóricos de gênero, corpo, cidadania comunicativa, sujeitos comunicantes e fotografia. As estratégias metodológicas se construíram a partir da transmetodologia, que orientou a pesquisa bibliográfica, a pesquisa da pesquisa, a pesquisa de contextualização e a pesquisa teórica. O olhar transmetodológico também norteou a pesquisa empírica exploratória, realizada por meio de um questionário no ambiente digital, com sujeitas que fizeram o ensaio intimista. Além disso, foram feitas entrevistas em profundidade com duas mulheres, que compõem a amostra da pesquisa na fase sistemática e com os produtores fotográficos. E, por último, foi realizada uma pesquisa de auto experimentação do ensaio intimista. Entre as descobertas da pesquisa, os resultados apontam para algumas metodologias que O Bendito Fruto proporciona em seus ensaios intimistas auxiliando para a reflexão e o autoconhecimento da mulher em relação ao seu próprio corpo. Concebe-se na experiência com o ensaio intimista em O Bendito Fruto, de uma perspectiva cidadã, a possibilidade de que essas identidades sejam reconhecidas, procurando entender a complexidade da constituição feminina dentro de um contexto social específico; |