Resumo:
As medidas adotadas em razão da pandemia do COVID-19 impactaram na vida cotidiana. Diversas áreas foram afetadas: saúde, educação, trabalho... Para conter a disseminação do vírus, encontros presenciais foram restringidos. De uma hora para outra, os ambientes domésticos passaram a concentrar as famílias e também as atividades que não eram exercidas nestes locais. Assim, para continuar trabalhando, o home office foi adotado de forma rápida e crescente. Mas o “quê” e “como” está se fazendo para trabalhar? Este estudo buscou compreender a prática do trabalho profissional nos ambientes domésticos desde a pandemia. Neste sentido, foi adotada uma abordagem fundamentada na Teoria da Prática, propiciando uma análise de todo um contexto, não se limitando a observação ao agente trabalhador. O indivíduo está constantemente conectando e desconectando elementos, formando um conjunto de práticas, composto por fazeres, coisas materiais e significados. Este estudo qualitativo, empregou diversos procedimentos de coleta de dados inspirados na etnografia, envolvendo entrevistas autodirigidas, observação utilizando áudio e vídeo e entrevistas com utilização de imagens. Por conseguinte, a análise do conteúdo revelou que as informações evidenciadas extrapolaram positivamente os limites esperados para uma entrevista, assemelhando-se a “casos estendidos” (Extended Case Method). A compreensão do trabalho em home office resultou na estruturação de duas dimensões, relacionando-se à: a) percepção do tempo e b) percepção do espaço.