Resumo:
A pesquisa realizada teve como foco a análise dos fluxos de conhecimentos existentes entre universidades e instituições científicas brasileiras e atores internacionais na área da saúde humana. A relevância desse estudo está em compreender os mecanismos de construção e transbordamento do conhecimento gerado pelas universidades e instituições de científicas brasileiras a partir das interações estabelecidas com atores internacionais. Esses fluxos são entendidos como importantes elementos para o progresso científico e tecnológico. O problema de pesquisa investigado, portanto, é: quais são as características dos fluxos de conhecimentos entre grupos de pesquisa da área da saúde humana de universidades brasileiras e parceiros internacionais e qual a sua importância para países em desenvolvimento como o Brasil? A metodologia utilizada baseou-se na análise de dados secundários. A base de dados utilizada foi o Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foram coletados dados do Censo do DGP de 2016 e, complementarmente, da base corrente, por meio do sistema de banco de dados SQL Server. Foram analisadas diversas características a respeito dos grupos de pesquisa, sendo centralmente: os principais tipos de parceiros e sua distribuição geográfica, os tipos de relacionamento e de remuneração. Os resultados apontaram, em termos de volume de interações, que os grupos de pesquisa da área da saúde humana que afirmaram interagir com parceiros internacionais foram em menor número (382) em relação os grupos que afirmaram interagir com parceiros nacionais (1.922). Da mesma forma, o número de interações (660) estabelecidas por esses grupos foi inferior ao total de interações (4.191) com parceiros nacionais. Tal constatação informa que os mecanismos de construção e transbordamento do conhecimento dos grupos de pesquisa brasileiros analisados ocorrem maiormente dentro do território nacional, destacando que há uma base de conhecimento local importante. Também, pode-se inferir que parceiros internacionais estão presentes no processo de construção do conhecimento da área e tal fato merece atenção. Os principais parceiros das interações são as Universidades, sendo as firmas e hospitais participação diminuta nestas interações. As principais áreas da saúde que concentram os grupos de pesquisa que interagem com atores internacionais são Saúde Coletiva e Medicina. Os principais tipos de relacionamento encontrados foram: pesquisa científica sem e com considerações de uso imediato dos resultados e treinamento de pessoal do grupo pelo parceiro e do parceiro pelo grupo. Em termos de remuneração, centralmente as interações objetivam parcerias sem a transferência de recursos, ou qualificação de recursos humanos entre os parceiros. Em termos de direção dos fluxos, os grupos de pesquisa brasileiros que interagem com os atores internacionais, em sua maioria, são universidades públicas localizadas nas regiões sudeste e sul do país, corroborando o que a literatura da área apresenta a respeito da distribuição de grupos de pesquisa interativos no território nacional, bem como a respeito do desenvolvimento dos sistemas regionais de inovação. As parcerias estabelecidas estão centradas na relação Norte-Sul, como destaque para as parcerias com atores da América do Norte e Europa, sendo que, a maioria dos parceiros estão localizados nos Estados Unidos. Em termos de comparação de um conjunto específico de grupos de pesquisas interativos (154) entre 2016 e a base corrente, pôde-se perceber que o número de interações com parceiros internacionais aumentou, indicando certo fortalecimento deste tipo de fluxo para a construção do conhecimento na área da saúde humana e destacando sua importância. As direções dos fluxos se mantiveram centradas nas relações Norte-Sul.