Resumo:
Corporações e startups desenvolvem diferentes capacidades em suas trajetórias e processos de inovação. Corporações tem recursos, experiência e base de clientes, mas estão presas à sua história e esbarram na falta de agilidade, burocracias internas e aversão a correr riscos. Startups são ágeis e arrojadas, sem estruturas burocráticas, mas não possuem os recursos que sobram às corporações. Dentre as estratégias de colaboração entre corporações e startups, as aceleradoras corporativas têm chamado a atenção de pesquisadores acadêmicos. Iniciativas de inovação colaborativa requerem capacidades de rede, que são o conjunto de atividades e rotinas organizacionais implementadas pelas empresas integrantes de uma rede interempresarial para iniciar, manter, desenvolver e finalizar relacionamentos em benefício da rede. Tais capacidades impactam diretamente as interações entre os participantes e os caminhos que o conhecimento percorre na rede de inovação, além da eficácia e do gerenciamento de programas de inovação colaborativa entre corporações e startups. Esta dissertação tem como objetivo propor um framework para colaboração entre corporações e startups com base nas capacidades de rede. Ela está associada à linha de atuação de Inovação e Sustentabilidade do Programa Profissional em Gestão e Negócios (PPGN). Com base em conceitos de inovação colaborativa, design de programas de aceleração corporativa e capacidades de rede, foram elaborados quadros de análise que deram suporte aos estudos sobre o modo como esses temas se manifestam em um programa de aceleração corporativa. Foi realizado um estudo de caso único, que analisou o programa de aceleração Liga Emerging Technologies, coordenado pela aceleradora Liga Ventures e que contou com a participação de quatro corporações e nove startups. A triangulação de dados foi feita através da análise de documentos, observação direta e realização de doze entrevistas com CEOs das startups e com funcionários da aceleradora e das corporações. Utilizando-se a análise temática, seis diferentes temas foram estudados: antecedentes às capacidades de rede, capacidade de iniciar redes, capacidade de manter redes, capacidade de desenvolver redes, capacidade de finalizar redes e resultados do programa de aceleração corporativa. A pesquisa demonstrou que as organizações devem dispor de antecedentes, como a correta definição dos desafios a serem solucionados e a disponibilização de recursos compatíveis com estes. Possíveis resultados da iniciativa de inovação colaborativa também foram identificados, como o desenvolvimento da cultura de inovação aberta na organização e o aprendizado que alimentará futuros programas de inovação colaborativa. A partir dessa pesquisa, foi proposto um framework para colaboração entre corporações e startups com base nas capacidades de rede, que tem como aplicação prática auxiliar organizações que desejam desenvolver ou patrocinar programas de inovação colaborativa por meio de uma aceleradora corporativa. O resultado desta dissertação pode ser usado por elas para melhor formatar os programas, selecionando parceiros com maior assertividade, desenvolvendo as capacidades de rede dos parceiros com maior eficácia e melhor conduzindo as iniciativas colaborativas para estratégias complementares de inovação colaborativa. Os resultados da pesquisa demonstram aplicabilidade e escalabilidade do framework para outros programas corporativos de aceleração