Resumo:
As barreiras invisíveis impostas pela sociedade que cercam e limitam as pessoas com deficiência são uma realidade. Em um contexto mundial, aproximadamente um bilhão de pessoas possuem alguma deficiência. Dentro deste montante, destaca-se uma parcela infantil que representa cerca de cento e cinquenta milhões de indivíduos. A intersecção entre deficiência, infância e gênero feminino conduz a uma tripla discriminação. Define-se a inclusão social como um processo de melhoria das condições de vida e participação na sociedade. Entende-se que é através da ampliação de oportunidades, acessibilidade de recursos, proporção de espaços para que vozes silenciadas sejam amplificadas e respeito pelos direitos essenciais, que a inclusão pode ser efetiva. Por esta perspectiva, compreende-se o empoderamento enquanto a imersão em um espaço de consciência e reconhecimento das próprias habilidades e competências. Como meio para o empoderamento, vislumbra-se a prototipagem – a partir do âmbito da experimentação e da participação, pautados pela essência do design estratégico – enquanto um processo projetual reflexivo, questionador e propositor de transformações e visões de mundo. Desta forma, adotou-se como objetivo de pesquisa: compreender como a prototipagem pode potencializar o empoderamento de meninas com deficiência. Para responder ao mesmo, propôs-se uma prática empírica de prototipagem participativa, elaborada através de quatro ciclos de pesquisa-ação. As atividades contaram com a participação de 10 meninas com múltiplas deficiências, com idades entre 7 e 16 anos. Os resultados encontrados foram divididos em 5 categorias – modos de: i) experimentação; ii) empoderamento; iii) relação; iv) afetação; e v) transformação – e conduziram a 5 principais tópicos de discussão: i) características a serem abordadas para a projetação de uma prática de prototipagem participativa; ii) influência da prática nas dinâmicas familiares; iii) sensibilidade despertada para novos modos de ser e fazer; iv) formação de espaços de produção de pontos de vista; e v) vínculos afetivos e o despertar de um senso de pertencimento. A partir do entrelaçamento dos pilares e dos reflexos revelados, considerou-se que a atividade de prototipagem representou sim um modo de potencializar o empoderamento das meninas.