Resumo:
Esta dissertação busca analisar, nas experiências vividas pelas mulheres produtoras da publicidade, táticas de afirmação e de luta utilizadas para construir a cidadania comunicativa de gênero nos processos de criação e nos produtos por elas gerados. Embasam esta investigação perspectivas teóricas relativas ao campo publicitário; ao subcampo da criação publicitária; ao gênero como categoria analítica para pensar as mulheres; aos sujeitos comunicantes e a cidadania comunicativa. Com o intuito de compreender as nuances que envolvem o cenário da publicidade contemporânea atravessado pelas dimensões de gênero, contextualizo a atividade publicitária nos âmbitos brasileiro e porto-alegrense e abordo os principais acontecimentos impulsionados pelo movimento feminista brasileiro, articulando-os com as produções midiáticas de maior repercussão em cada período. O arranjo metodológico para a construção da investigação empírica está organizado em dois movimentos: um de pesquisa exploratória, que conta com questionários distribuídos em grupos do Facebook voltados para mulheres que trabalham na criação de agências publicitárias da cidade de Porto Alegre; e outro de pesquisa sistemática, em que foram feitas entrevistas em profundidade online com participantes selecionadas a partir do questionário. As processualidades metodológicas adotadas permitiram refletir sobre o alcance, as possibilidades e os obstáculos para a construção de uma cidadania comunicativa de gênero no trabalho em criação publicitária e nos produtos gerados neste espaço. A partir das narrativas compartilhadas pelas participantes da pesquisa, os resultados gerados pela análise apontam para três tipos de táticas de resistência que são empregados por estas mulheres e expressos nos produtos publicitários elaborados por elas, como incessantes tentativas de romper a lógica masculinista dominante que opera no subcampo da criação publicitária e que precariza o trabalho, os corpos e a existência das mulheres que neste departamento atuam. Desse modo, esta pesquisa descortina, também, lutas travadas por mulheres produtoras da publicidade em busca de suas possibilidades de exercício e conquista da cidadania comunicativa de gênero.