Resumo:
Nos últimos anos, a internacionalização de empresas jovens, de parcos recursos e estrutura enxuta ganhou volume e intensidade no mundo todo. Entretanto, estudos na área do Empreendedorismo Internacional (EI) observaram que tal fenômeno ocorria com maior frequência em alguns países ou regiões do que em outros. Dado às incógnitas acerca deste ponto não respondidas pelos achados no EI voltados a melhor compreender quem eram esses empreendedores e como a estrutura de tais empresas influenciava na internacionalização, os pesquisadores passaram a questionar se e como fatores externos do contexto local poderiam influenciar nesse processo. Essa é a moldura que reveste o presente estudo, no qual se buscou compreender como as instituições nacionais e subnacionais influenciam no EI no contexto brasileiro. Para tanto, foi realizado estudo de casos múltiplos, no qual se explorou a trajetória de duas startups sediadas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, cujas soluções voltam-se para setores distintos da economia. Guiado pelas categorias institucionais propostas por North e Scott, e retratadas em outros estudos do campo, identificou-se que, embora a influência institucional no contexto do Brasil apresente-se menos relevante do que o narrado em outras pesquisas, seu impacto – ora positivo, ora negativo – em relação ao fomento do EI não pode ser desconsiderado. As principais conclusões apontam que, ainda que algumas instituições efetivamente contribuam de forma positiva no processo de internacionalização das empresas empreendedoras brasileiras, a fragilidade de instituições relacionadas à tributação, ao conhecimento compartilhado e a crenças equivocadas por parte dos empreendedores acerca da expansão de fronteiras mostram-se entre os principais limitadores desse processo no país. Além disso, também foi revelada a ausência de instituições subnacionais relevantes, assim como falhas na divulgação, acesso e exploração das iniciativas que poderiam contribuir para o EI no Brasil.