Resumo:
O presente trabalho se propõe a mapear possibilidades de cidadania comunicativa na discografia do grupo musical porto-riquenho Calle 13, organizando as canções analisadas em categorias, onde refletimos acerca das significações encontradas nas narrativas, interpretando-as em relação ao supracitado conceito. Para tanto, construímos uma concepção epistemológica própria, baseada nos conceitos de cidadania científica e Nossa América, postulando a noção de sentipensar – cujo sentido é, basicamente, compreender razão e emoção enquanto espaços inseparáveis da experiência humana – como premissa orientadora de nossos esforços intelectuais. Em âmbito metodológico, buscamos aportes na transmetodologia e na artesania intelectual, utilizando seus pressupostos para a construção de um arranjo transmetodológico artesanal, orientado às especificidades de nosso problema/objeto. O dispositivo de análise edificado conta com contribuições da Análise de Discurso (AD), da Análise de Conteúdo (AC) e das Escutas Poéticas. No que diz respeito à teoria, buscamos problematizar a música como linguagem comunicacional complexa, na qual confluem sentidos inerentes tanto à sua condição de expressão cultural intrínseca à humanidade, quanto às suas nuances como produto midiático massivo na contemporaneidade. Feito isso, refletimos acerca das possibilidades oriundas de sua relação com o conceito de cidadania comunicativa, apresentando inferências e caminhos que serviram como base para o mapeamento de sentidos proposto. Como resultado de nossa análise transmetodológica artesanal, compreendemos que a Calle 13 logrou produzir e espalhar sentidos de cidadania comunicativa de forma significativa em sua discografia, edificando e espalhando conhecimento crítico acerca da realidade vivenciada na América Latina, dando visibilidade à parcelas da população negligenciadas pelo aparato midiático tradicional, refletindo sobre a atuação das indústrias fonográficas e dos meios de comunicação massivos e gerando sentidos de representatividade na conjuntura de Nossa América.