Resumo:
A complexidade dos problemas sociais, econômicos e ligados ao meio ambiente tem alterado a relação entre o Estado e a sociedade civil organizada, o que se traduz na elaboração e na implementação de políticas públicas por meio de redes interorganizacionais, compostas por atores públicos e privados, sendo a governança das redes determinante para geração de ganhos relacionais. Este estudo buscou compreender como são utilizados as funções e os mecanismos da governança (microgovernança) em rede público-privada e os ganhos relacionais obtidos. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, com a análise comparativa de dois Comitês de Bacia Hidrográfica: Comitesinos e Comitê Pardo. Os Comitês de Bacia são colegiados compostos por atores públicos e privados, que têm o objetivo de garantir água de qualidade e em quantidade para uso humano e para a indústria, gerando um reflexo na saúde da população e nas atividades econômicas. A coleta de dados contemplou entrevistas semiestruturadas, análise documental e observação não participante. As evidências apontam para importância de alinhar e integrar participantes, inclusive nas redes em que a formalização é inerente, uma vez questão instituídas por lei. Os ganhos relacionais ligados ao valor público e de conhecimento foram destacados em ambas as redes. Este estudo contribui para o avanço das análises de rede sob seus mecanismos internos (microgovernança) e na identificação de ganhos relacionais em redes público-privadas. Na dimensão gerencial, expõe-se, aos gestores públicos e privados, informações que podem acarretar ações corretivas na governança das redes interorganizacionais ou na elaboração e implementação de políticas públicas.