Resumo:
Abordagens institucionais embasam uma mudança significativa na perspectiva de estudos sobre inovação. De uma tradição centrada na firma discutindo capacidades inovativas internas, a literatura em inovação passa a reconhecer um processo aberto, primariamente baseado em relações interorganizacionais. Nesta mudança de perspectiva, o ecossistema de inovação surge como conceito capaz de relacionar a performance inovativa ao conjunto de atores organizacionais e suas interações em um contexto de elementos culturais, cognitivos e normativos. Dentro dos limites do ecossistema de inovação, a colaboração, como interação livre, recorrente e produtiva, ganha proeminência como principal dinâmica para o desenvolvimento tecnológico. No entanto, o comportamento colaborativo requer o compartilhamento de estruturas, normas e cultura, e seu desenvolvimento no ambiente de ecossistemas de inovação ainda instiga aprofundamento. A problemática que esta pesquisa buscou responder recai, portanto, sobre a dinâmica de facilitação da colaboração em ecossistemas de inovação. A articulação entre trabalho institucional – perspectiva da agência do indivíduo no processo de institucionalização – e as lógicas institucionais – perspectiva sobre as dimensões que sustentam a instituição – foi empregada como lente teórica desta tese. Para que os objetivos da pesquisa fossem alcançados, foi realizado um estudo de casos múltiplos sobre os ecossistemas de inovação de Sophia Antipolis, na França, e Tecnosinos, no Brasil. Como resultado, a pesquisa traz um framework teórico-conceitual e seis proposições que sustentam a tese de que ativos relacionais facilitam a implementação de práticas do trabalho institucional que fomentam a colaboração como um comportamento organizacional institucionalizado em ecossistemas de inovação. As contribuições teóricas desta tese informam a literatura sobre resultados a partir da inclusão do nível de análise relacional como uma ponte capaz de integrar trabalho institucional e lógicas institucionais. Esta tese traz contribuições gerenciais na medida em que informa gestores públicos, empreendedores e pesquisadores inseridos em ecossistemas de inovação sobre formas de estimular e aproveitar iniciativas de colaboração. Por fim, limitações e indicações para estudos futuros são produzidas.