Resumo:
Apesar de representarem 23,9% da população brasileira (IBGE, 2010), pessoas com deficiência ainda enfrentam barreiras em diversos setores da sociedade, incluindo um dos que mais cresce no Brasil: o de eventos. Ao considerar que a exclusão dessas pessoas é um reflexo da forma como essas experiências são projetadas (HOLMES, 2018) e que o campo do design que busca projetar soluções a problemas complexos como esse é do design estratégico, o presente estudo foi desenvolvido com o intuito de propor, através da perspectiva do design estratégico, premissas para a construção de processos de projetação de eventos mais inclusivos. Para tanto, esta pesquisa englobou um estudo de caso do processo de projetação de dois eventos que se atentam à experiência de pessoas com deficiência: o Rock in Rio e o Festival Social Good Brasil. A coleta de dados sobre ambos envolveu pesquisa documental; observação direta; e entrevistas semiestruturadas tanto com usuários quanto com membros da equipe de produção e colaboradores externos. Esses dados foram, então, analisados a partir de três técnicas: 1. Análise de conteúdo; 2. Blueprint de Serviços; e 3. Diagrama de Afinidades. A aplicação delas mostrou-se essencial para a identificação de fatores que parecem orientar a prática de eventos que possuem uma perspectiva mais inclusiva. A partir disso, foi possível traçar uma interface entre a prática e a teoria de inclusive design e de design estratégico, o que resultou na proposição de nove premissas que podem contribuir com a construção de processos de projetação de eventos mais inclusivos.