Resumo:
A síndrome pré-menstrual (SPM) é um dos transtornos mais comuns experimentados pelas mulheres em idade reprodutiva. Caracteriza-se pela presença tanto de sintomas físicos quanto de sintomas psicológicos, os quais impactam de forma significativa na vida diária da mulher. Algumas características sociodemográficas, reprodutivas e comportamentais têm sido associadas à ocorrência da SPM. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da SPM e fatores associados em acadêmicas da área da saúde. Trata-se de um estudo transversal em que os dados referidos foram coletados através de questionário autoadministrável, o qual foi aplicado a acadêmicas, com 18 ou mais anos de idade, de uma universidade do centro oeste brasileiro. O projeto é um recorte de um estudo maior intitulado “Perfil epidemiológico dos alunos da área da saúde da Universidade de Rio Verde, Goiás, 2018”. Os dados referidos pelas participantes incluíram variáveis demográficas, socioeconômicas, comportamentais, psicossociais e relacionadas à saúde. O trabalho de campo foi realizado entre outubro e novembro de 2018. Mediante aplicação de questionário padronizado coletou-se dados sobre a ocorrência dos sintomas pré-menstruais e seu impacto na vida social e acadêmica das universitárias, permitindo determinar a prevalência da SPM e do TDPM, segundo o instrumento Premenstrual Syndrome Screening Tool (PSST). No total, foram avaliadas 1115 universitárias. A prevalência encontrada da SPM foi 46,9% (IC 95% 44,0-49,8) e do TDPM 11,1% (IC95% 9,3-13,0). As principais queixas relatadas foram os sintomas físicos (seios sensíveis, dor de cabeça, dores musculares ou nas articulações, inchaço e ganho de peso) e os sintomas psicológicos: desejo de comer/comer demais, ficar chorosa/mais sensível à rejeição, ansiedade/tensão e raiva/irritabilidade. Estes sintomas interferiram de forma moderada ou até mesmo severa nas atividades acadêmicas, familiares e sociais das universitárias. Após ajuste, a maior probabilidade de SPM ocorreu para as universitárias que cursavam os primeiros períodos do curso, que consumiram bebida alcoólica nos últimos 30 dias e que referiram diagnóstico médico de depressão. Não foi encontrada associação entre tabagismo, hábitos alimentares, atividade física e a SPM. Conclusão: o trabalho evidenciou que a SPM é altamente prevalente entre as universitárias e que existe uma relação independente e significativa entre fatores comportamentais e de saúde com a SPM. É fundamental que os sintomas pré-menstruais sejam abordados nas consultas médicas, e que o seu manejo inclua estratégias de prevenção que levem em consideração os fatores associados encontrados.