Resumo:
O consumo de substâncias psicoativas chama atenção à medida que cresce e desperta o interesse cada vez mais cedo dos adolescentes, os quais normalmente iniciam com o uso de álcool. Sabe-se que a família tem importante papel, tanto como fator de proteção quanto de risco para o uso de substâncias, assim como se reconhece a questão da transmissão transgeracional da dependência química. Deste modo, filhos de dependentes químicos estão mais suscetíveis ao uso e abuso de álcool. No entanto, questiona-se qual a relação dos filhos adolescentes com o álcool quando os pais, dependentes químicos, estão abstinentes. A presente dissertação objetiva avaliar a relação dos adolescentes com o álcool, em famílias nas quais pelo menos um dos pais é dependente químico em abstinência. O documento da dissertação está constituído por dois artigos empíricos, ambos de caráter qualitativo. No primeiro, realizado com quatro adolescentes, avalia-se como os filhos percebem o padrão de consumo de álcool dos pais e as consequências desse uso para a vida deles. No segundo, verifica-se a relação contrastante de dois adolescentes com o álcool, no que se refere a situações de exposição, experimentação, uso e/ou abuso, demandas familiares e sociais. Os resultados indicam que apesar dos adolescentes conhecem os riscos que correm por serem filhos de dependentes químicos, mesmo que em abstinência, as características dessa fase do desenvolvimento fazem com que desponte ambivalência quanto ao uso de álcool. Nesse sentido, a adaptação da família à fase da adolescência, o estilo de comunicação e de autonomia dada aos filhos foram determinantes para o uso ou não de álcool destes. Evidencia-se a necessidade de atenção ao risco de abuso de substâncias pelos filhos, mesmo no contexto de abstinência dos pais, sendo importante o monitoramento do comportamento adolescente.