Resumo:
Com o objetivo de compreendermos as percepções de professores de língua portuguesa sobre o ensino de oralidade, esta pesquisa investiga a produção linguageira de um grupo de professores participantes de um (per)curso de formação continuada. De que modo tais percepções, que emergem da produção linguageira e do conflito de representações, fornecem pistas da tomada de consciência do agir docente e do desenvolvimento profissional é o que nos propomos investigar. Este trabalho vincula-se ao projeto de pesquisa Formação continuada e comunidades de desenvolvimento profissional: aproximações teórico-práticas (CNPq), coordenado pela Prafa. Dra. Ana Maria de Mattos Guimarães e pelo Prof. Dr. Anderson Carnin, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos/Unisinos. A base teórica do trabalho é alicerçada nos fundamentos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2006a, 2006b, 2008, 2013) que atribui ao agir e à linguagem papel essencial no desenvolvimento humano. Assumindo a noção de trabalho proposta pelo quadro teórico mencionado, enfocamos a noção de trabalho representado a partir de dados gerados em um contexto de formação continuada, mais especificamente, na oficina dedicada ao trabalho sobre o ensino da oralidade. Para a análise dos dados, utilizamo-nos da arquitetura textual de Bronckart (1999). Outro conceito caro à presente investigação é a noção bakhtiniana/voloshinoviana de gênero de texto (BAKHTIN, 1997; VOLOSHINOV, 2006) e de gêneros orais no ensino (DOLZ, 2010; MARCUSCHI, 2005; SCHNEUWLY, 2004). Os resultados obtidos evidenciam o ir e vir das professoras no que tange ao percurso de desenvolvimento profissional acerca do trabalho com oralidade e a complexidade de se fazer avançar tanto a formação quanto a pesquisa acerca desse objeto.