Resumo:
O microcrédito surgiu como uma ferramenta de combate à pobreza por meio da bancarização dos excluídos do sistema financeiro, no entanto, com o passar do tempo, a proposta acabou incorporando características das instituições financeiras tradicionais. Isso fez com que as Instituições de Microcrédito se deparassem com o desafio de equilibrar lógicas institucionais conflitantes, se tornando instituições híbridas, pois ao mesmo tempo em que buscavam gerar excedentes financeiros, também buscavam o alívio da pobreza por meio da bancarização. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi compreender como as lógicas institucionais influenciam os processos de redução de risco – avaliação e monitoramento – e enforcement, em contratos individuais de microcrédito em um banco comercial. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizado um estudo de caso único, em um grande banco comercial brasileiro, que apresenta caraterísticas singulares. Com a compreensão de como uma instituição comercial se defronta com a inserção do microcrédito em sua operação, identificou-se que em tal contexto, a lógica de lucro é impermeável pela lógica híbrida. Também foi possível identificar que a influência da lógica vigente na organização pode levar à adoção de uma postura mais rígida e tradicional em sua análise de crédito, em vez de adotar uma postura inclusiva. Os achados da pesquisa contribuem para o campo teórico e gerencial, de forma que apresenta evidências de como as lógicas institucionais influenciam a atividade de microcrédito e traz insights para que gestores e tomadores de decisões possam fazer uma gestão saudável e eficaz em instituições de microcrédito.