Resumo:
A presente pesquisa faz parte de um estudo no âmbito do tema comunicação e política, focando nos usos potenciais do meio Mudamos. Nossa ênfase está na perspectiva da midiatização, com base nos conceitos de dispositivo (FERREIRA, 2007, 2016a), circuitos (BRAGA, 2012, 2017a) e circuito-ambiente (FERREIRA, 2016a). As questões centrais desta investigação são as seguintes: quais são os direcionamentos do meio-aplicativo Mudamos, considerando sua arquitetura e as possibilidades de ações por parte dos usuários? Os direcionamentos propostos pelo Aplicativo Mudamos correspondem à promessa de que esse meio fortalece a democracia participativa? Ao longo do desenvolvimento desta investigação, para compreender e responder nossos questionamentos, partimos da seguinte proposição preliminar: o Mudamos – anunciado como um aplicativo de participação democrática no espaço político – se configura em um espaço que possibilita uma participação individualista na política. Essa proposição é apresentada e discutida por meio de operações inferenciais explicitadas neste trabalho. O método adotado para conduzir a pesquisa é subsidiado nos argumentos abdutivo, indutivo e dedutivo, que se complementam, mas também se diferenciam a partir de suas operações inferenciais específicas (FERREIRA, 2012). Fundamentada no método adotado, realizamos uma visita descritiva ao aplicativo, estabelecendo algumas inferências dedutivas em concordância com a proposição desta dissertação. E por fim, apresentamos as operações inferenciais (metáforas, metáporas, analogias e diagramas) que contribuíram para pensar o Mudamos diante do tensionamento entre democracia e individualismo; participação e interação; conexão e solidão.