Resumo:
O objetivo desta pesquisa foi compreender como o conceito de inovação, especialmente o de inovação inclusiva, pode ser ressignificado por meio da análise do movimento maker no Brasil à luz da Teoria Ator-Rede (TAR). Para tanto, o trabalho problematiza a literatura dominante no campo da inovação, face ao conceito de inovação inclusiva. A partir dessa problematização uma pesquisa qualitativa foi realizada seguindo os preceitos teórico-metodológicos da TAR. A análise dos dados foi realizada principalmente à luz do conceito metodológico de hinterlands, através do qual foram mapeadas as práticas compartilhadas entre os atores da rede do movimento maker, bem como os conjuntos de relações que ainda não haviam se estabilizado como prática, a partir dos quais foi possível mapear também controvérsias nesse movimento no Brasil. Os resultados da pesquisa evidenciam que o movimento maker, performado por uma rede de práticas imbricadas e ancoradas pela prática do ‘fazer’, desestabiliza a caixa-preta da fabricação das coisas, abrindo espaço para repensar a inovação neste início de século. O estudo dessa rede aponta que, embora seus atores ‘centrais’ promovam a inclusão de um público que, a partir dos espaços maker, passou a ter acesso a inúmeras possibilidades de criação antes inacessíveis, outros atores, historicamente excluídos dos debates de inovação, ainda permanecem excluídos desse movimento. Trazendo à tona a dimensão política da inovação, a tese propõe o amadurecimento do conceito de inovação inclusiva e inaugura uma agenda de estudos futuros que problematizem a literatura acerca desse conceito, convidando a repensá-lo a partir de abordagens críticas, capazes de oferecer avanços significativos e relevantes não apenas para debates acadêmicos, como também para o desenvolvimento de políticas públicas, especialmente em países menos desenvolvidos.