Resumo:
Esta dissertação apresenta um estudo de caso realizado com falantes de hunsriqueano, uma variedade linguística de origem alemã falada no Brasil e com uma pequena tradição escrita. O objetivo geral é reconhecer as propostas de ortografia existentes para essa língua no Brasil, bem como a importância (ou não) da escrita do hunsriqueano para os próprios falantes. Os objetivos específicos são reconhecer as pressões que resultam na interrupção ou na continuação do uso da língua materna, bem como as pressões que são favoráveis ao ensino escolar dessa variedade. Os instrumentos da metodologia foram dois conjuntos de instrumentos: entrevistas semiestruturadas com 14 falantes – metade dos quais não escreve na língua de imigração, e a outra metade desenvolveu a escrita ao longo da vida adulta –, bem como textos em jornais, em livros e na internet em e sobre hunsriqueano. Os resultados da pesquisa mostram que muitos falantes ainda não reconhecem na escrita uma possibilidade ou mesmo necessidade de uso. Outros, porém, percebem na internet um local em que a escrita dessa variedade é viável e útil. Os falantes apontam diversos fatores que são favoráveis à manutenção do hunsriqueano, como a língua ainda ser falada na família e a possibilidade de emprego no comércio. Eles apontam, porém, que muitos fatores exercem pressão desfavorável sobre a língua, desde aspectos histórico-políticos, como a proibição da língua durante o governo de Getúlio Vargas, até elementos atuais, como o acesso constante a recursos tecnológicos, que veiculam informações na língua oficial, e não na local. Também identificou-se que o ensino escolar é considerado um caminho para a manutenção do hunsriqueano e uma possibilidade de que a língua seja aprendida pelas novas gerações.