Resumo:
A combinação de eventos climáticos severos e desastres naturais tem suscitado preocupações em todas as sociedades. Globalmente organismos internacionais promovem e coordenam iniciativas de prevenção e redução do risco de desastres e convocam as nações para tal compromisso. No Brasil, um avanço ocorreu com a instituição da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil por meio da Lei 12.608/2012, que dentre outros aspectos, reorienta a gestão do risco de desastre que compreende três ações distintas e inter-relacionadas: prevenção, mitigação e preparação. Estas ocorrem de forma multissetorial nos níveis federal, estadual e municipal e exigem ampla participação comunitária. Neste contexto entram as Tecnologias de Informação Móveis e Sem Fio, cujo desenvolvimento nas últimas duas décadas as colocou em evidência como importantes recursos para assistência em cenários inesperados e disruptivos e, desempenham um papel cada vez mais positivo como ferramentas de comunicação de risco de desastres. Este estudo objetiva analisar como ocorre o processo comunicacional na gestão do risco de inundações, por meio do uso de Tecnologias Móveis e sem Fio, entre as instituições de defesa civil e a população estabelecida em áreas inundáveis. Busca, ainda, identificar a percepção dos atores sobre a qualidade das informações de alertas recebidos por meio de tecnologias móveis e as vantagens e desvantagens do seu uso na comunicação de risco. Como estratégia de pesquisa foi realizado um estudo de caso único em uma cidade no interior do Estado de Santa Catarina que, quase que anualmente, enfrenta a problemática de inundações. O estudo conclui que as tecnologias móveis e as mídias sociais móveis são ferramentas eficazes e eficientes na comunicação de risco, pois ampliam as possibilidades de acesso e disseminação de alertas; estimulam, facilitam e impulsionam a interação da população com os órgãos de proteção e defesa civil e contribuem positivamente para a mobilização perante o desastre, pois agilizam a transmissão da informação, favorecendo o planejamento para a evacuação de áreas de risco. Já, as notícias falsas transmitidas por mídias móveis e o risco de falta de conexão e energia caracterizam algumas das desvantagens de uso dessas tecnologias.