Resumo:
O crescente avanço de novas tecnologias na área das geociências, como o posicionamento por GNSS, o mapeamento por GPR ou a geração de modelos tridimensionais com a técnica LIDAR permite a integração de técnicas de sensoriamento remoto em diferentes aplicações nas geociências. Para isso é necessário experimentar, testar e avaliar cientificamente o potencial de integração dessas diferentes tecnologias, de forma a explorar em sua plenitude os diferentes tipos de dados. A análise, descrição e interpretação de afloramentos são atividades corriqueiras dos trabalhos de campo geológicos. Apesar do avanço tecnológico das últimas décadas, a obtenção de dados quantitativos a partir do uso de instrumentos não se sobrepôs à tradicional forma de aquisição de dados pelos geólogos: a observação da rocha. Dessa forma, o estudo de afloramentos constitui uma fonte indispensável para a obtenção de dados intermediários entre as escalas megascópica (e.g., geologia regional) e microscópica (e.g., amostra), que por sua natureza são dependentes de aquisição por sensores remotos e instrumentos diversos. O principal desafio em pesquisas dessa natureza é integrar dados quantitativos e digitais, obtidos por instrumentos com diferentes princípios de aquisição e integrá-los aos dados qualitativos e analógicos obtidos pela subjetividade da percepção do geocientista. O objetivo deste trabalho foi analisar, testar e validar essa abordagem multidisciplinar para a modelagem de afloramentos considerando um estudo de caso real no Afloramento Morro Papaléo. Para tanto, considerou-se como premissa que o modelo geológico resultante da integração de dados de diferentes naturezas não tivesse erro posicional em ordem de grandeza superior à resolução espacial do sensor com maior limitação de amostragem. A integração de dados segundo procedimentos metodológicos adequados permitiu gerar um Modelo Digital de Afloramento (MDA) que tornou possível visualizar, medir e interpretar com exatidão a geologia a partir de uma representação geológica do objeto de estudo. A validação de campo foi realizada para assegurar que a qualidade da metodologia proposta pode ser utilizada nesse tipo de estudo. Quanto aos dados de subsuperfície, por meio de seções geofísicas, foi possível estabelecer correlações entre os dados obtidos com a técnica LIDAR, o que permitiu integrar dados de superfície e de subsuperfície. Portanto, com o estabelecimento do modelo 3D gerado numa base de dados consistente, calibrada e validada pode-se a qualquer tempo adicionar dados e incrementar o modelo de forma dinâmica.