Resumo:
A pesquisa analisa a construção midiática de Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner, através do exame de matérias produzidas pela revista IstoÉ (publicação brasileira, da Editora Três) e pela revista Noticias de la Semana (publicação argentina, da Editora Perfil), durante os mandatos de ambas como presidentas de seus países. A argumentação é feita a partir das teorias de produção de sentido, tendo como referentes marcadores sociais que operam para hierarquizar os gêneros e determinar papéis para mulheres e homens na sociedade. O trabalho está ancorado em teorias e proposições como as trazidas por Eliseo Verón sobre produção de sentido (2004) e ideologia(s)/ideológico (1984; 2004) e as críticas de Armand Mattelart (1999, 2009) sobre o controle hegemônico da comunicação e sua posição estratégica e influenciadora na cultura. Além dos conceitos de “patriarcado” e “sexismo”, com Pateman (1993) e Saffioti (2015), a fim de refletir sobre esse sistema que classifica e hierarquiza as relações a partir dos gêneros, se perpetuando através dos tempos e gerações, organizando a sociedade e mantendo o poder, o controle e/ou o correto e justo no lado masculino em detrimento do feminino. O corpus da pesquisa foi composto por textos e capas, de forma que se procedeu à análise textual e de imagem, através da Análise do Discurso, com base em autores como José Luiz Fiorin (2009) e Dominique Maingueneau (1997). Como resultado, percebemos, dentre outras coisas, que ambas as revistas se aproveitam do fato de Dilma Rousseff e Cristina Fernández serem mulheres para convocar toda a ordem de preconceitos e misoginias presentes nas relações sociais a fim de desqualificá-las como sujeitas políticas. As características de personalidade das presidentas são usadas para desprestigiar a presença feminina nos espaços públicos e não faltam usos de expressões, frases, adjetivações ou insinuações que corroborem para estigmatizar e estereotipar as mulheres, as menosprezando como partícipes do campo político.