Resumo:
A internacionalização é um assunto que está na pauta das universidades em tempos de globalização, forçando-as a adequarem os seus sistemas de ensino às exigências internacionais e ao diálogo inter ou multicultural. Isso, muitas vezes, afeta as culturas acadêmicas nacionais e regionais e torna a educação um bem de mercado. (ALTBACH, REISBERG, RUBLEY, 2009). Para fazer frente aos impactos da globalização, existem esforços e políticas de regionalização - tornar regional - e formar blocos econômicos, políticos e culturais para lidar com a globalização. (FAJARDO, 2007). Uma das estratégias de internacionalização/regionalização das universidades tem sido a mobilidade acadêmica. No entanto, os intercâmbios requerem gastos para o deslocamento e permanência na IES de destino, bem como burocracia com vistos, matrículas, dentre outras providências que se fazem necessárias. Uma das possíveis alternativas para minimizar essas questões é fazer uso das TICs, criando e desenvolvendo disciplinas em ambientes virtuais, por meio das quais se possa construir um diálogo interinstitucional. Com a aproximação de disciplinas afins, o trabalho se daria online, com planejamento conjunto. O propósito é reunir turmas de diferentes países em que os alunos podem se conhecer, compartilhar e construir colaborativamente novos saberes. Com essa finalidade, nesta pesquisa criamos um projeto de Regionalização em Casa entre o curso de Letras de uma instituição de ensino superior do Brasil, uma da Argentina e outra do Uruguai, a fim de analisar como professores de cursos de formação de professores de línguas adicionais planejam e interagem com vistas ao intercâmbio de aprendizagem entre seus estudantes em três tentativas: uma por um grupo fechado do Facebook e as duas últimas usando a plataforma Moodle. Esta pesquisa tem como referencial teórico, a Internacionalização de Olson e Shoenberg (2007), a regionalização de Fajardo (2007), Krawczyk (2008) e em casa de Gonçalves (2009), as sociedades conectadas de Crook (2008), Zammit (2010) e Pontes (2011), as identidades de Hall (2005) e de Gee (2000). As comunidades de prática de Wenger (2001), as comunidades de prática (des) corteses de Marlangeon (2004). A pesquisa é de natureza qualitativa e etnográfica virtual, segundo Hine (2004), sendo de cunho colaborativo segundo Desgagné (2007) e ancorando-se no Estudo de Caso de Stake (1999) e de André (2005). Tem como instrumentos de geração de dados os e- mails trocados entre as professoras participantes, a pesquisadora e sua orientadora para o planejamento das disciplinas, os diários de campo da pesquisadora e das professoras, bem como entrevistas semiestruturadas, que foram realizadas ao final. A análise de dados baseia-se na Análise do Discurso Mediada pelo
Computador de Herring (2004), e foi realizada pelas unidades temáticas evidenciadas nos e-mails e no que foi recorrente nas entrevistas semiestruturadas. Os e-mails foram agrupados por Unidades Temáticas em que foram destacados os atos de fala mais significativos que foram analisados discursivamente segundo Briz (2012). Os resultados mostram que houve participação e cooperação entre o grupo de professoras, porém nem todas se engajavam com a tecnologia da mesma forma. Além disso, as identidades institucionais professores investigadores versus professores executores foram muito fortes. (GEE, 2000). Faltou, também, a identificação por parte dos professores com o Projeto, principalmente entre os estrangeiros, pois o viam apenas como uma tese de doutorado. Nas interações, ficou evidente que as hierarquias acadêmicas funcionam de formas diferentes de país a país. Acrescenta-se a isso que um intercâmbio como pensamos requer um engajamento com as TICs no sentido de compreender a forma de trabalho da Web 2.0., para que se possa regionalizar sem sair de casa.