Resumo:
Este trabalho investiga o fazer mapa sonoro a partir do pensamento da filósofa Sybille Krämer acerca do que é um medium. Para ela, medium é aquilo que, em uma transmissão, recua e autoneutraliza-se, aparentando desaparecer enquanto torna perceptível outra coisa em seu lugar. A partir da obra da filósofa, foi desenvolvida a ferramenta teórica do dial mediológico, para auscultar processos midiáticos envolvidos nas práticas constitutivas dessa nova cartografia. O objetivo foi identificar o que se torna transparente e qual opacidade lhe corresponde, no curso de uma cadeia de transmissões. Partindo da proposta de uma epistemologia crítica da mídia lançada por Krämer, entendemos que o mensageiro e o rastro, a representação e as condições de sua produção, são duas dimensões indissociáveis da mídia, além de duas posições epistemológicas complementares e interdependentes. A pesquisa de campo também foi orientada pela abordagem pós-representacional de Rob Kitchin e Martin Dodge, que sugerem o acompanhamento de como emerge um determinado fazer mapa. Reconstituindo o desenvolvimento do mapa sonoro da plataforma Radio Aporee, desde suas raízes na net art dos anos 1990, encontramos uma situação em que o som é elemento fundamental em uma estratégia de revelar os espaços da mídia. Mapa sonoro é aqui considerado como uma audiovisualidade híbrida tornada possível pela digitalização e que opera entre duas fortes tradições: o mapa e a gravação sonora.