Resumo:
Este estudo parte da natureza líquida da sociedade pós-moderna (BAUMAN, 2013) e da terceira geração da globalização vivida pela humanidade que propicia a diversidade sociocultural (COPE; KALANTZIS, 2006), na qual a cultura é compreendida como as “teias de significado” que o homem constrói nas relações que estabelece (GEERTZ, 2008), bem como as identidades passam a ser entendidas como múltiplas, mutáveis e socialmente negociadas e construídas (MASTRELLA-DE-ANDRADE, 2013). Isso porque é na linguagem que os sujeitos se relacionam e interagem por meio do uso da língua (RAJAGOPALAN, 2009). Desse modo, o presente trabalho tem por objetivo discutir como a cultura é trabalhada nas aulas de espanhol como língua estrangeira (ELE) em escolas da rede pública na região sudeste do Estado do Amapá, uma vez que compreendemos que somente através de um ensino de línguas orientado pela perspectiva ou educação intercultural é que os alunos serão ensinados a (inter)agirem como “cidadãos do mundo”, sendo conscientes e garantindo que haja igualdade na diversidade e que as diversidades sejam igualmente assistidas (CANDAU, 2008). No entanto, tal discussão não seria possível, se não contextualizássemos os processos de oficialização e desoficialização do ensino do espanhol no Brasil. Além disso, acreditamos que tais concepções de linguagem, língua, cultura e identidades nortearão o ensino de línguas, se a formação de professores for crítico-reflexiva. Por fim, a partir dos dados que dispomos, compreendemos que os alunos vão para a escola “sem vontade de nada, sem perspectiva de nada” porque não é permitido a eles negociarem significados e (re)construírem suas identidades.