Resumo:
Este estudo tem por objetivo analisar a construção da narrativa seriada Hannibal, que traz a história do personagem já conhecido da literatura e do cinema ainda em ação – antes de ser preso. Partimos de conceitos tanto relacionados à construção de narrativa quanto à construção cinematográfica para entendermos a complexidade processual como um todo. Para tal, fomos passando por aspectos que vão desde o processo criativo com Brett Martin, questões narrativas com Mittell e de gêneros com Carroll, Wood e Todorov. Compreendendo, também, a forma do crime trocado utilizado por Hitchcock a partir de Chabrol e Rhomer e Truffaut, da qual a série se apropria, bem como pela forma sinestésica do cinema com Eisenstein, Deleuze e Aumont, até o estilo utilizado no período do expressionismo alemão, com Lotte Eisner e Kracauer, que deixou alguma herança nesse objeto. Somente após todo esse aporte pudemos dissecar e desmembrar Hannibal, identificando como se compuseram seus arcos e cenários, como funcionaram suas inspirações e propósitos. Para isso, dividimos a análise em três vias de dissecação: dos crimes aleatórios e suas construções estéticas visuais e cinematográficas; da narrativa e a análise dos arcos que culminam em um crime trocado; e a via da análise do Hannibal design, em que analisamos como a série constrói sua metodologia assassina durante os episódios, de forma desconexa e cuidadosa. Desse modo, fazendo uma analogia à própria série e sua temática investigativa, nós seguimos as evidências e pontas soltas da forma com que a obra se apresenta, de modo a descobrir quais foram os seus passos – esse é o nosso método.