Resumo:
Ao introduzir atividades de maior valor agregado ao agronegócio, como é o caso do desenvolvimento do setor produtor de azeite de oliva na agroindústria do Rio Grande do Sul, amplia-se a competitividade desta atividade para a economia do Estado, que não tem tradição na produção de azeite de oliva. Essa possibilidade é uma descoberta relativamente recente, retomada com sucesso em 2003, com o cultivo de mudas de oliva, em Caçapava do Sul/RS, conforme a EMATER/RS-Ascar (2015), e vem sendo considerada um exemplo de agregação de valor e inovação para o agronegócio do RS. A temática abordada neste trabalho refere-se ao desenvolvimento do sistema setorial de inovação de azeite de oliva no Rio Grande do Sul. O objetivo geral do presente trabalho é analisar quais são e como se comportam os elementos e atores que explicam o desenvolvimento desse sistema no RS. A justificativa da pesquisa reside em aplicar um olhar sistêmico no processo de desenvolvimento de um setor produtivo de elevado valor agregado no agronegócio do RS. O recorte teórico de Sistema Setorial de Inovação (SSI) permite a compreensão de elementos que vão além da firma e sua estrutura de mercado. Para apoiar os resultados e análises, buscou-se embasamento teórico em assuntos como inovação, sistema setorial de inovação (SSI), inovação no setor agroalimentar e azeite de oliva. Os procedimentos metodológicos utilizados, para este estudo, caracterizaram-se como exploratórios e descritivos, utilizando como métodos a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. A abordagem qualitativa foi utilizada para responder ao problema de pesquisa. A coleta de dados deu-se sob a forma de pesquisa de campo, através de entrevistas com diferentes atores do SSI, e pela pesquisa documental. Entre julho e dezembro de 2017 foram entrevistados vinte e um (21) atores do setor de azeite de oliva. Através destas entrevistas foi possível constatar que o sistema setorial de inovação (SSI) de azeite de oliva no RS constituiu-se com mais vigor recentemente e ainda está em desenvolvimento. O clima e o solo, as condições de manejo do olival, a sanidade da fruta, a colheita precoce, as condições e o tempo de transporte das azeitonas até o lagar e o cuidado no processamento do azeite são diferenciais que garantem qualidade ao azeite gaúcho, comprovada em guias e concursos internacionais. Além desses elementos, a troca de experiências e os fluxos de conhecimentos tecnológicos dos atores também foram e são fundamentais para o desenvolvimento
deste SSI. Em geral, os produtores do azeite de oliva do RS não dependem exclusivamente da olivicultura, não fazem financiamentos bancários para adquirir o olival, tampouco, para mantê-lo, e não contratam seguro do olival. Sendo assim, entende-se que o SSI de Azeite de Oliva no RS está em desenvolvimento, com a presença de atores diversos que possuem função distintas, com firmas heterogêneas em tamanho e em possibilidades de produção e inovação. Analisar esse SSI é uma forma de relatar o desenvolvimento de um segmento produtor de um bem de valor agregado no agronegócio do RS, podendo ser considerada uma experiência relevante para analisar o potencial do agronegócio gaúcho e agregar mais valor em seus produtos finais.