Resumo:
A dissertação investiga como operações discursivas manifestadas nas superfícies dos editoriais dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo sobre o impeachment de Dilma Rousseff (2016) atualizam operações inscritas nos editoriais dos mesmos jornais em torno da deposição de João Goulart (1964). É um estudo de leitura discursiva (VERÓN, 2004), subdividido em dois níveis de análise à luz dos conceitos de gramáticas de produção, enunciação e contrato de leitura (FAUSTO NETO, 1991; VERÓN, 2004). O primeiro nível, com base nas contribuições de Mouillaud (1997), refere-se às superfícies discursivas, que entendemos como os aspectos gráficos, técnicos e estéticos dos periódicos, que podem indicar níveis de tomada de posição opinativa. Desenvolvemos o comparativo entre edições do jornal O Globo, em 1964 e 2016, e Folha de S. Paulo, em 1964 e 2016. Por fim, realizamos a análise transversal entre O Globo e Folha. No segundo nível, o mesmo processo é priorizado em relação às operações discursivas, tendo como objetivo central a recuperação de marcas inscritas na produção do discurso opinativo dos editoriais sobre a deposição de João Goulart (1964) e o impeachment de Dilma Rousseff (2016), bem como compreender as diferentes formas da construção discursiva. A cobertura editorial dos acontecimentos remonta dois contextos distintos e, assim, a investigação busca proporcionar reflexões sobre a sociedade dos meios e a sociedade em vias de midiatização, principalmente no que tange os efeitos na enunciação.