Resumo:
Mudanças descontínuas no mercado fazem com que empresas busquem por novas tecnologias. A ambidestria, quando manifestada em empresas, apoia gestores durante os períodos de transições tecnológicas, possibilitando a obtenção do máximo de excelência na gestão de novas tecnologias, essenciais para entrada em novos mercados, e tecnologias tradicionais, úteis para manutenção da empresa nos mercados em que já trabalha. Embora essa literatura seja amplamente estudada há mais de 20 anos, poucos estudos aprofundaram-se em avaliar como empresas são ambidestras durante o processo de transição tecnológica. Este estudo analisou uma empresa ambidestra estrutural intensiva em conhecimento que passou por dois ciclos de transição tecnológica em menos de 6 anos. Realizou-se um estudo de caso único em uma empresa brasileira do setor de tecnologia da informação. Como resultado da investigação, verificou-se que a decisão da empresa de se tornar ambidestra foi motivada por fatores críticos que surgiram principalmente pela necessidade da empresa de entrar em novos negócios. Além disso, houve uma redução nos ciclos de transição à medida que a empresa ganhou experiência no processo de incorporação de novas tecnologias e maturidade na gestão ambidestra dos negócios. Fatores de contexto mostraram-se importantes, uma vez que apoiaram os gerentes e funcionários em ações de curto, médio e longo prazo durante as transições. Este trabalho contribui para a perspectiva teórica, revelando, na prática, como uma empresa de TI simultaneamente gerencia novos negócios e negócios tradicionais durante momentos críticos de transições tecnológicas. Também analisou como uma empresas se organizou em termos de processos, culturas, estruturas e rotinas para se adaptar-se ao ambiente em mutação. Com relação às contribuições gerenciais, esse estudo guia gestores para reflexões relativas aos seus negócios, elucidando diferentes tipos de estruturas ambidestras que uma organização pode optar, apoia as empresas a se estruturarem e traçarem um plano de ação com foco no fortalecimento dos pontos fracos. Ademais, esse estudo elucida perfis de gestores e funcionários considerados competitivos em organizações que optam pela estruturação separada de gestão de negócios novos e tradicionais.