Resumo:
Embora os investimentos em saneamento básico tenham aumentado em todo o Brasil nas últimas décadas, ainda é comum encontrar áreas onde os resíduos sólidos urbanos são depositados irregularmente no perímetro urbano de várias cidades brasileiras. Estas áreas após desativadas, frequentemente são ocupadas por moradores de baixa renda, e acabam sendo urbanizadas pelo poder público, representando riscos a integridade da população local. Neste sentido esta pesquisa objetivou avaliar a mobilidade de Fe, Mn, Cr e Ni nas águas subterrâneas de uma antiga área de disposição irregular de resíduos sólidos urbanos em São Leopoldo, a qual é atualmente habitada. O local já havia sido objeto de um diagnóstico ambiental realizado por Gomes et al. (2016), onde foi constatado que a água subterrânea estava contaminada por Fe, Mn, Cr e Ni. Com base nas constatações levantadas pelo diagnóstico, o presente estudo avaliou a evolução da presença dos metais em estudo nas águas subterrâneas e também nas águas e sedimentos dos corpos hídricos superficiais presentes na área. Além do monitoramento das águas e sedimentos, uma amostra de solo foi coletada e analisada quanto a CTC, com a finalidade de verificar a sorção de contaminantes pelo solo. Concentrações de até 210.161,00 µg/L de Fe, 34.349,00µg/L de Mn, 3.486,00 µg/L de Cr e 164,00 µg/L de Ni nas águas subterrâneas, aliadas às correlações negativas entre os metais e o pH, às correlações positivas entre os metais e a infiltração das águas da chuva e o oxigênio dissolvido, ao fluxo das águas subterrâneas em direção às águas superficiais, à baixa capacidade do solo na sorção de contaminantes e às concentrações de até 255.841,00 mg/kg de Fe, 3.017,00 mg/kg de Mn, 433,00 mg/kg de Cr e 208,00 de Ni nos sedimentos do Arroio João Correa, o qual delimita com a área estudada, apontaram para a mobilidade dos metais e a migração destes, através das águas subterrâneas, para os sedimentos dos corpos de água. Sendo possível concluir que, o antigo depósito irregular de resíduos vem contaminando por metais pesados as águas subterrâneas e consequentemente o sedimento do Arroio João Correa.