Resumo:
A imprevisibilidade que surge ao passar do tempo, as mudanças no modo de viver das pessoas, a globalização e o desenvolvimento da tecnologia têm exigido habitações residenciais que sejam capazes de adaptar-se a tais transformações. A flexibilidade na arquitetura consiste na capacidade que um projeto ou edificação tem de se adequar às necessidades ou exigências dos usuários de um modo racional. O cenário atual composto de lançamentos imobiliários de arranjo espacial limitado, convencional e repetitivo, força os usuários a modificarem suas habitações por meio de demolições, reformas, e consequentes perdas ambientais. Diante disso, cabe ao projetista utilizar a flexibilidade como estratégia para garantir uma qualidade maior ao projeto de arquitetura, propondo a aplicação de novos materiais e soluções construtivas. O principal objetivo deste trabalho é identificar diretrizes de projeto que promovam a flexibilidade em edificações residenciais, bem como analisar a sua aplicação no mercado imobiliário. O método de pesquisa utilizado teve como referência uma revisão bibliográfica para um melhor entendimento do assunto. As diretrizes propostas foram detalhadas e exemplificadas, divididas nos seguintes itens: estrutura independente, modulação estrutural, planta livre, divisórias internas leves, divisórias móveis, fachada livre, núcleos de serviços, shafts de instalações, forro rebaixado e piso elevado. Com o intuito de expor a aplicação prática da flexibilidade, foram selecionadas cinco edificações residenciais multifamiliares flexíveis oferecidas no mercado imobiliário brasileiro. Estas edificações foram analisadas quanto às estratégias de flexibilidade utilizadas e quanto aos tipos de flexibilidade existentes apresentados por autores pesquisados. Como resultados das análises, observa-se que praticamente todas as diretrizes de projeto propostas foram utilizadas de alguma forma nas edificações analisadas, promovendo diversos tipos de flexibilidade. Para que a flexibilidade seja alcançada, estas diretrizes devem estar combinadas formando um sistema flexível, e precisam ser inseridas logo na fase de projeto da edificação, que possui os menores custos e as maiores possibilidades de intervenção. A utilização da flexibilidade na arquitetura traz satisfação aos usuários e o aumento no desempenho e na vida útil das edificações, colaborando, desse modo, com a sustentabilidade na construção civil.