Resumo:
Este estudo tem como propósito oferecer entendimento para o fenômeno da disponibilidade/escassez de recursos humanos capacitados nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática e afins, os profissionais STEM, na perspectiva da Teoria do Capital Humano (TCH). A THC provê os seguintes pressupostos teóricos para este estudo: a) quanto maior a qualificação e as habilidades dos profissionais STEM, maior possibilidade de mobilidade; b) o estoque de capital humano depende de políticas organizacionais independentemente do valor investido; c) o capital humano especializado é visto como um investimento em educação feito pela organização, pelo funcionário ou por ambos; d) os indivíduos podem ter autonomia sobre suas qualificações que alavancam a vida profissional. Com base nesses pressupostos, este estudo discute quatro proposições: P1 – As políticas públicas influem na formação, na qualificação e na criação de ambientes propícios e não propícios ao desenvolvimento do conhecimento e das habilidades de profissionais STEM; P2 – As políticas do setor privado desenvolvem, assimilam e retêm os conhecimentos de profissionais STEM; P3 – Os elementos conhecimento e habilidades impactam na decisão do profissional STEM para empreender mobilidade e estão associados à busca por qualidade de vida; P4 – Diferentes modalidades de retorno de investimento interferem no estoque de capital humano das organizações. A metodologia desenvolvida neste estudo é caracterizada como uma pesquisa de campo, com análise de documentos e entrevistas semiestruturadas realizadas com gestores e diretores de organizações intensivas em conhecimento (OIC), localizadas em parques tecnológicos brasileiros e para Instituições de Ensino Superior. Constatou-se que existe uma carência de profissionais STEM e uma assimetria entre o perfil profissional que o mercado necessita e o que é entregue pela academia. Verificou-se que as políticas públicas e privadas não são eficazes para reter os profissionais e, embora existam recursos e políticas que contribuam, também há aquelas que dificultam as operações, sobretudo, as políticas trabalhistas. O estudo conclui que, embora existam políticas públicas e instituições capazes de formar profissionais STEM no Brasil, as organizações intensivas em conhecimento que atuam no país têm limitações na retenção desses profissionais.