Resumo:
O presente trabalho pesquisou a divulgação da ciência sob o olhar da Linguística do Texto (KOCH, 2009) juntamente com aportes da epistemologia da ciência (BACHELARD, 1996). O principal objetivo foi entender como o conhecimento científico é construído em um texto de divulgação científica. Para isso foram definidas as seguintes ações: a proposição de um modelo de comunicação que identificou e descreveu as particularidades do corpus escolhido; a construção de um diálogo com uma abordagem epistemológica do corpus que permita entender como a ciência é representada e a busca de evidências dos itens anteriores em textos selecionados. A fundamentação teórica discutiu os modelos comunicacionais existentes na consolidação do conceito de situação de comunicação e contrato de comunicação (CHARAUDEAU, 2014) para entender o lugar da revista Ciência Hoje na mídia, segundo a Semiolinguística. Em seguida, houve uma articulação da referenciação (MONDADA, 2002) juntamente com a epistemologia da ciência para estipular a negociação de significados entre o leitor e o cientista ao considerar o senso comum, para, somente então, construir o conhecimento científico. A metodologia utilizada justificou a escolha do editorial de primeiro exemplar do ano, trouxe os critérios de seleção dos textos e dos trechos a serem analisados. Com esses instrumentos foram selecionadas as introduções de 8 dos 18 textos que compõem o corpus. Os resultados obtidos mostraram que foi preciso modificar alguns itens do contrato de comunicação para descrever adequadamente as condições de contorno da revista Ciência Hoje. A partir da análise realizada com instrumentos da Linguística do Texto foi possível entender como ocorre a construção de um objeto de discurso (MARCUSCHI, 2011) na divulgação científica, em que há uma aproximação entre a linguagem comum e a linguagem científica. Outro resultado a ser destacado é a presença de um plano de texto (ADAM, 2011) recorrente nas introduções selecionadas, que traz uma mesma estrutura argumentativa, embora as estratégias textuais escolhidas pelos autores sejam bastante distintas. Os resultados também mostraram que os cientistas consideram como parte integrante da ciência as emoções, a intuição, o acaso e outros saberes pouco associados à ciência.