Resumo:
O lixiviado de aterro sanitário tem se caracterizado pela alta concentração de matéria orgânica recalcitrante, nitrogênio amoniacal e compostos tóxicos. Compostos orgânicos recalcitrantes são raramente removidos por processos tradicionais de tratamentos de efluentes, o que dificulta o atendimento aos padrões de lançamento de efluentes. Da mesma forma, o descarte do esgoto doméstico gerado pelas comunidades precisa também de tratamentos prévios para não impactar o meio ambiente. Devido às características do esgoto doméstico, com baixas concentrações de matéria orgânica carbonácea e cor em relação ao lixiviado, vem permitindo que o tratamento combinado desses efluentes seja uma alternativa viável. Diante desse quadro, este trabalho visou à avaliação do tratamento combinado de esgoto doméstico da estação de tratamento de efluentes (ETE) da Unisinos e lixiviado bruto do aterro sanitário de São Leopoldo, utilizando ozônio (O3) como agente oxidante. Os efluentes foram tratados na unidade experimental composta por um reservatório com capacidade de até 500L e um reator cilíndrico de PVC com 250 mm de diâmetro e 2,20 m de altura, operando com fluxo ascencional, totalizando um volume de trabalho de 108 L e preenchido em 2/3 do seu volume total com Anel Pall de 1,5”. Realizaram-se três ensaios em bateladas, com duração de cinco horas e três ensaios com duração de duas horas, com diferentes produções de O3 de 8,9; 9,6 e 10,5 g de O3.h-1, aplicados à mistura de 2% de lixiviado de aterro sanitário (LAS) ao esgoto doméstico (2 L de LAS e 158 L de esgoto). Cada ensaio foi realizado em duplicata, sendo monitorados os seguintes parâmetros: Demanda Química de Oxigênio, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Cor Aparente e Verdadeira, Turbidez, pH e calculada as taxas de utilização e de perda de O3. Os resultados evidenciaram que o tratamento por O3 pode ser uma alternativa de pré-tratamento de efluentes, obtendo remoções médias de DQO, DBO, CA, CV e Turbidez de até 46%, 51%, 86%, 86% e 81% respectivamente em cinco horas de ensaio e remoções médias de até 23%, 48%, 78%, 76% e 58% respectivamente em duas horas de ensaio. As maiores taxas de remoções foram alcançadas nos ensaios com maiores vazões de O2 e produções de O3 e nas duas primeiras horas de ensaio. Só foi possível o atendimento aos padrões de lançamentos de efluentes exigidos pela legislação vigente, nos ensaios com duração de cinco horas e com a maior produção de O3 e vazão de O2. O sistema de tratamento também contribuiu para uma melhora na biodegradabilidade do efluente se analisada a relação DBO/DQO e cor. Quanto as taxas de utilização e de perda de O3, verificou-se que a maior quantidade consumida de O3, ocorreu para os parâmetros indicativos de matéria orgânica e para os ensaios com a menor produção de O3.