Resumo:
Esta pesquisa de doutorado sobre o ensino de língua estrangeira para fins específicos (LINFE) examina a perspectiva êmica do aprendizado a partir de tarefas colaborativas em um contexto de Blended Learning (BL). Para embasar essa pesquisa, adotamos a perspectiva da teoria sociocultural (TSC), concebendo o aprendizado de língua como resultado da mediação e interação social entre os indivíduos, artefatos e língua (VYGOTSKY, 1978,1986; JOHNSON 2009; LANTOLF, 2001). Esta pesquisa se constituiu como uma pesquisa-ação e, a partir da sugestão de tarefas colaborativas e aplicação destas com alunos de uma disciplina de inglês para fins específicos, buscou trazer alternativas de ensino de LINFE com sugestões de tarefas colaborativas e examinou a perspectiva dos próprios estudantes sobre seu processo de aprendizagem. A partir de nosso embasamento teórico, cremos que as oportunidades de aprendizado em sala de aula devem considerar tanto as dimensões cognitivas quanto as afetivas (HALL, 2003) e a compreensão das emoções e crenças envolvidas na aprendizagem pode trazer importantes contribuições para o processo. A coleta de dados foi feita com entrevistas semi-estruturadas antes e após a aplicação das tarefas e com a gravação das interações entre os alunos durante as aulas. Nossas tarefas também propunham utilizar uma abordagem de BL a partir da definição de Sharma (2010) de que essa abordagem se constitui como uma mistura ideal entre o ensino tradicional e virtual, isto é, como uma representação da busca por promover uma experiência de aprendizado mais eficiente. Vale ressaltar que, por tarefas, entendemos as atividades pedagógicas que requerem resolução de problemas realizada de forma colaborativa (SWAIN e LAPKIN, 2001) e apresentam objetivos específicos (ELLIS, 2000; SWALES, 2000). Nossos resultados apontam que as tarefas propostas geraram colaboração entre os participantes e isso também pode ser corroborado pelo reforço das crenças sobre a preponderância da interação e do papel dos colegas no aprendizado de língua inglesa. Percebemos, portanto, que as ações dos alunos e da professora pesquisadora foram influentes nas emoções e nas crenças dos alunos. Verificamos que as emoções emergentes no processo foram as mais diversas e analisamos como tais emoções poderiam ter sido positivas ou negativas no percurso de cada aluno. Esta pesquisa traz um novo olhar para as emoções dentro do processo de aprendizagem, propondo um modo de as analisar de forma sistemática a partir do
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relato dos próprios alunos a partir de Scherer (2005) e da Roda das Emoções de Geneva. Sobre o uso das tecnologias digitais, verificamos que foram consideradas como geradoras de interesse por parte de alguns alunos. Por fim, foi possível observar que as tarefas colaborativas promoveram a colaboração entre os alunos e, desse modo, evidenciamos a importância de se trabalhar com tarefas colaborativas também nas disciplinas de LINFE.