Resumo:
A presente pesquisa busca compreender os processos comunicativos digitais nos usos e nas apropriações das mídias, especificamente, a rede social Facebook, pelos sujeitos comunicantes surdos. A pesquisa é fundamentada em argumentos teóricos que trabalham os conceitos de cultura (CORTINA, 2005), cultura surda (STROBEL, 2013), cibercultura (LEMOS, 2013), cidadania comunicativa (CORTINA, 2005), comunidade (BAUMAN, 2003), globalização (GARCÍA CANCLINI, 2007), mediação (WOTTRICH, SILVA e RONSINI, 2009), midiatização (MALDONADO, 2002) e mundialização (ORTIZ, 2003). Para que se pudessem desenvolver as práticas investigativas acerca dos usos das mídias e do Facebook pelos sujeitos comunicantes surdos, optou-se por um percurso transmetodológico (MALDONADO, 2012) a partir de uma perspectiva etnográfica (HINE, 2004), estruturada em combinações técnicas como a análise de materiais de arquivo nos ambientes digitais, que são fruto de uma sistemática observação; procedimentos de aplicação de questionários: blocos temáticos e entrevistas etnográficas, com os relatos de trajetórias de vida dos quatro entrevistados surdos que registram vivências e deslocamentos territoriais digitais e novas formas de comunicação em comunidades surdas no Brasil. Por meio da análise das trajetórias históricas midiáticas, sinalizadas pelos sujeitos comunicantes surdos, sobre questões que expressam suas construções culturais e de cidadania comunicativa, desenhamos as principais apropriações comunicacionais destes sujeitos em sua inter-relação com as mídias. Os resultados da pesquisa mostram que o sujeito comunicante surdo vive e dá importância à sua necessidade comunicacional e informacional para resolver suas práticas cotidianas pessoais e profissionais. Os resultados também indicam que o domínio e a prática de sua língua natural são exercícios relevantes de cidadania comunicativa surda, o que representa uma contribuição comunicativa e cultural relevante ao cidadão surdo nos modos de vida midiatizados. Desse modo, as interações e experiências digitais estabelecem diferentes processos e conexões, que os vinculam à Cultura Surda, à Língua dos Surdos, à Comunidade Surda Mista e à Sociedade.