Resumo:
A indústria brasileira de calçados, no período recente, tem sofrido dificuldades em termos de produção, produtividade e exportações. Os indicadores apontam para uma perda de competitividade, principalmente, no calçado de couro. Essa perda de competitividade da indústria de calçados nacional, torna-se mais profunda quando se compara com o desempenho dos países asiáticos, nesse mesmo setor. Nesse sentido, é importante buscar por um novo posicionamento no comércio internacional, onde não somente o crescimento do comércio exterior, mas também da produção interna de calçados das empresas brasileiras, seriam definidos pelos ganhos de produtividade, estratégias de competitividade e atividades de inovação. Desta forma, esse trabalho tem como objetivo relacionar a dinâmica de inovação com as características internas das empresas calçadistas associadas à Abicalçados, observando os impactos dessas inovações. Recorreu-se, para isso, a dados primários extraídos de uma pesquisa de campo, através de um questionário semiaberto aplicado à 59 firmas associadas da Abicalçados, as quais representam aproximadamente 40% da produção nacional. Por meio de dois métodos estatísticos, teste qui-quadrado e análise fatorial, chegou-se em respostas que caracterizam que as empresas que realizaram inovações de processo possuem um melhor desempenho da sua produção e uma atividade exportadora contínua. Verificou-se também, que as empresas calçadistas desse estudo, que realizaram inovações de produto, percebem maiores facilidades na abertura de novos mercados consumidores e na manutenção da sua participação no mercado. Conclui-se, ao mesmo tempo, que a realização de inovações de processos por parte das empresas consegue manter estas no mercado internacional (ou seja, as mantém exportadoras). Entretanto a realização de inovações de produto combinadas com as de processo abre novos mercados para essas mesmas empresas. Adicionalmente, atestou-se que as empresas que trabalham, basicamente, com couro estão realizando menos inovações de processo que as empresas que trabalham principalmente com plástico/borracha, sendo que, a falta de inovações em processo, das empresas que utilizam principalmente o insumo couro, pode estar refletindo na baixa produção e baixo desempenho exportador das mesmas.