Resumo:
As mudanças na sociedade e no ambiente organizacional têm ensejado diferentes formas de se pensar a estratégia ao longo do tempo. Nesse sentido, a presente tese busca analisar como o contexto de interação, conectividade e cooperação favorece ou não a adoção de estratégia emergente na lógica da multidão, com aportes metodológicos da Teoria Ator-Rede (ANT). Para tanto, realiza-se uma pesquisa qualitativa, com abordagem exploratória, analisando-se dois casos – O Espaço Comum Luiz Estrela (ECLE) e o Movimiento 15 de Mayo (15M) – que atuam em ambientes marcados pelas características citadas. Pode-se concluir que o estrategizar dos casos estudados assume lógicas da multidão, caracterizando-se por serem emergentes, auto-organizados, fruto das interações entre os praticantes humanos (singularidades) e não humanos, legitimando-se em forma de espiral e tendo governança enquanto abertura. É um estrategizar marcado pelo uso das tecnologias da informação e comunicação e pela participação mais direta, onde as interações e agências ocorrem por meio das diferenças e do comum, numa perspectiva de uno pelo múltiplo – agências e interações na lógica da multidão. São características que não constituem um modelo, mas uma lógica de estrategizar e que assumem formatos diferentes nos casos estudados. Conclui-se ainda que as inspirações metodológicas da ANT, tais como olhar a realidade de forma não essencialista, numa lógica performativa, valorizando as diferenças e considerando a atuação dos atores humanos e não humanos são adequadas para o estudo dessa lógica de estratégia. Diante do exposto, afirma-se que a presente tese contribui para avançar teoricamente nas formas de se pensar as agências, as relações entre microações e macrocontexto, bem como no entendimento do mistério, da experimentação e das diferenças como potência estratégica. Avança também construindo uma estratégia na lógica da multidão, adequada a contextos complexos, próprios da realidade atual e sugerindo inspirações metodológicas para sua apreensão e análise. Por fim, permite às organizações estudadas uma melhor compreensão das suas práticas estratégicas e da sua potência.