Resumo:
Interessados em compreender as potencialidades fotográficas para além de suas fronteiras, entendemos o print screen (captura de tela) como um processo alternativo ao ato fotográfico convencional. Baseada nessa premissa, a presente dissertação aborda os modos como o fotográfico se inscreve nas imagens produzidas através do print screen. As reflexões de Flusser, Bellour, Couchot, Soulages e Machado sobre a imagem técnica orientam a construção do objeto no contexto da cultura digital. A fundamentação teórica se deu em consequência dos princípios epistemológicos oriundos da Teoria das Materialidades da Comunicação. Para dar conta de um conjunto tão heterogêneo de imagens, propomos uma metodologia que articula dois gestos heurísticos: o tatear, nos termos de Flusser e as constelações benjaminianas. A partir deles, realizamos um mapeamento dos usos do print screen e sistematizamos as imagens em nove categorias: Método de pesquisa, Uso cotidiano, Google Street View, Videochat, Narrativa de videogame, Artes Visuais, Citacional, Tutorial e Redes sociais. Traçamos duas linhas imaginárias que atravessam essas constelações e estruturam o material empírico. A primeira linha indica as imagens informativas, resultantes de processos que partem de dados do mundo concreto. Já a segunda linha abrange as imagens redundantes, computadorizadas, isto é, geradas por meio de cálculos numéricos. Dada essa composição, selecionamos duas obras da constelação Artes Visuais – as séries Pulsão escópica, de João Castilho, e DSL, de Eric Rondepierre – e oito screenshots de Narrativas de videogame, de vários autores. Observando esse corpus, identificamos elementos como a pausa, o enquadramento, a textura, o grau de analogia com a realidade, que fixam as especificidades técnica e estéticas do fotográfico.