Resumo:
O presente estudo foi motivado por lacunas teóricas sobre a gestão de práticas colaborativas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no processo da inovação aberta (IA). As pequenas e médias empresas (PMEs) são consideradas relevantes no contexto econômico brasileiro, entretanto, enfrentam diversas dificuldades para se desenvolver, crescer e inovar no mercado quando atuam de forma individualizada. Com base nessa contextualização, a pesquisa teve como objetivo analisar como PMEs brasileiras realizam a coordenação das práticas colaborativas de P&D no processo da IA. Como objetivos específicos deste estudo estão: identificar os motivos para a adoção de práticas colaborativas; as dificuldades encontradas em sua implementação no que se refere à coordenação dos projetos; identificar como ocorre a gestão através dos mecanismos de coordenação de Grandori e Soda (1995); e, analisar a importância x desempenho dos mecanismos na coordenação nos projetos. Para tanto, foi realizado um levantamento teórico que enfocou tópicos referentes ao processo da IA, colaboração e os mecanismos de coordenação. Como estratégia investigativa optou-se por uma pesquisa qualitativa, através de um estudo de quatro casos em que ocorreram práticas colaborativas entre: empresa-fornecedor (P1); empresa-empresa (P2); empresa-cliente (P3), e, empresa-universidade-usuários (P4). Os dados foram obtidos através de entrevistas em profundidade e dados secundários. Como resultado da pesquisa conclui-se que os principais motivos para a adoção das práticas colaborativas estão vinculados a fatores motivacionais de caráter individual em complemento com fatores relacionados por motivações organizacionais e estratégicas. Entre as dificuldades encontradas em relação à coordenação dos projetos colaborativos foram identificados os seguintes: sistemas de informação, suporte público e infraestrutura; negociações; e, sistema de controle e planejamento. Quanto aos mecanismos de coordenação utilizados nos projetos colaborativos, foram identificados os seguintes: comunicação, decisão e negociação; sistema de controle e planejamento; equipe comum; coordenação e controle social; e, interação interunidades. E, como ponto crucial desta pesquisa, percebeu-se que a utilização dos mecanismos de coordenação dependeu das particularidades e especificidades de cada projeto, influenciando na coordenação dos projetos colaborativos. Além disso, as evidências empíricas demonstram que, quanto maior a complexidade do projeto, os mecanismos de coordenação utilizados em sua gestão tendem a ser mais específicos e formais.