Resumo:
A pesquisa argumenta sobre as possibilidades de construção de vínculos entre sujeitos comunicantes e o exercício da cidadania, possibilitada pelas novas tecnologias de comunicação. Para tal, analisa os processos digitais de comunicação desenvolvidos pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) e as interações de ativistas engajadas na luta contra o câncer de mama, nesses espaços. Por meio da pesquisa teórica problematiza a cidadania, como conceito norteador que conduz as práticas de pesquisa e perpassa os processos comunicacionais. Ainda reflete sobre o pertencimento, como categoria central para o efetivo exercício da cidadania. A pesquisa também aborda as lógicas tecnocomunicativas que cercam os ambientes digitais da organização. O percurso de investigação compreende uma reflexão epistemológica sobre os métodos, seguida dos procedimentos de pesquisa documental, bibliográfica, teórica e metodológica. Além disso, a estratégia metodológica trabalha uma combinação da abordagem etnográfica com netnográfica, partindo da análise sistemática dos ambientes digitais da Femama, para a observação de interações presenciais e de entrevistas em profundidade com as ativistas da organização. Os resultados mostram os usos e apropriações que os sujeitos fazem da tecnologia durante suas interações, e verificam que estes espaços comunicacionais têm potencial para o exercício da cidadania comunicativa e para a formação de vínculos identitários. No entanto, constatou-se que para o pleno exercício da cidadania não basta disponibilizar os meios técnicos necessários para interação e participação. É preciso garantir que haja pluralidade de opiniões na forma de planejar e produzir a informação, nos modos de construir os discursos e na maneira de pensar a comunicação como um todo. Além disso, ficou evidente que a perspectiva cidadã precisa fazer parte da própria constituição das organizações, de maneira estrutural, que também se reflita nas práticas cotidianas.